INTERMINÁVEL CAMPANHA
(Publicado em 01/09/2020)
O sistema Confea/Crea está em campanha eleitoral desde março. Nunca, desde que os dirigentes das organizações do sistema (Creas, Confea e Mútua) passaram a ser eleitos pelo voto direto dos profissionais, uma campanha eleitoral foi tão longa (e estranha). Será que agora alguma coisa vai mudar?
Imagem: OitoNoveTrês
Quando a Comissão Eleitoral Federal definiu o roteiro para as eleições deste ano (Resolução nº 1.114, de 2019) evidentemente não havia nada que pudesse dar uma ideia de que 2020 viria a ser um ano muito "especial".
Os candidatos com cargo, emprego ou função (remunerada ou não) no Confea, no
Crea ou na Mútua deveriam se desincompatibilizar 3 meses antes da data prevista para a eleição.
A eleição foi marcada para 3 de junho. Depois foi transferida para 15 de julho e, mais tarde para 1º de outubro. Enquanto isso a campanha foi sendo espichada indefinidamente, causando um esgotamento enorme, tanto nos candidatos quanto nos eleitores.
No caso dos presidentes de Crea e que são candidatos a reeleição houve um prejuízo considerável: perderam 7 dos 36 meses do mandato. Não é pouca coisa. No fim das contas, foi uma "cassação branca"
Tudo isso poderia ter sido evitado se a Comissão Eleitoral Federal tivesse obedecido o que ficou estabelecido pelo Congresso Nacional dos Profissionais do Sistema Confea/Crea realizado em Palmas, Tocantins, em setembro de 2019 e tivesse decidido realizar as eleições pela internet.
Se isto tivesse sido feito, em primeiro lugar, a eleição não teria de ter sido marcada para junho (poderia ser em novembro ou dezembro, sem nenhum problema). Não fizeram. Ergueram todo tipo de obstáculo ao voto pela internet e mantiveram o voto presencial, na urna eletrônica.
Quis o destino que a pandemia (responsável pelos sucessivos adiamentos da campanha) acabasse mostrando que praticamente TUDO pode ser feito pela internet, e o tema da eleição via internet virou um dos principais tópicos de discussão nessa interminável campanha. E essa discussão acabou por transformar em fumaça todos os "problemas" que motivaram a teimosia em manter as eleições presenciais em urna eletrônica.
Nosso sistema precisa se modernizar. Precisa ser mais inovador. E precisa se comunicar melhor.
Esta interminável campanha acabou produzindo resultados indesejáveis como desgaste dos candidatos e dos profissionais além das indesejáveis transgressões aos limites do bom senso e da boa educação em alguns estados, nos quais a disputa extrapolou o campo da deontologia e caiu no terreiro do salve-se-quem-puder, com acusações abaixo da linha da cintura, fake news e outras aberrações.
Resumindo, não tenho dúvidas de que esta foi a campanha mais esquisita e proporcionalmente improdutiva de todas as que vivi, desde que me formei engenheiro, em 1986.
O que eu quero é o que todos (eleitores e candidatos) querem. Que esta interminável campanha acabe logo, antes que os benefícios da democracia, da alternância de poder e da renovação de quadros acabem sendo superados pelos prejuízos à nossa Engenharia causados por esse desgaste sem fim./font>
PADILHA, Ênio. 2020
Leia também: QUEM TEM MEDO DA ELEIÇÃO VIA INTERNET NO SISTEMA CONFEA/CREA
A imensa maioria dos profissionais vira as costas para o processo eleitoral porque não se sente suficientemente motivada para largar seus trabalhos ou seus compromissos para ir até a inspetoria mais próxima (que algumas vezes fica a 50 ou 60 km de distância) para exercer o seu direito de eleitor.
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