PERDEMOS A ENOÍNA
(Publicado em 19/03/2022)
Sou de uma família de 7 irmãos: Carlos, Ênio, Edson, Enoína, Eronildes, Eliane e Élcio
Nesta semana perdemos a Enoína, que se foi aos 60 anos. Uma menina ainda.
Enoína Aparecida Vieira, 60 anos, casada com Danilo Vieira e mãe de quatro mulheres: Débora, Daniela, Ana Lúcia e Susana.
Era uma irmã muito querida. Sofreu muito na vida. Enfrentou problemas de todas as ordens. E acabou não resistindo às múltiplas enfermidades dos últimos anos.
Nas fotos que aparecem aqui ela tinha 11 ou 12 anos e trabalhava como Babá na casa da dona Méri. E não, não se tratava de exploração de trabalho infantil. Muito pelo contrário.
Dona Meri, foi nossa professora no primário da Anibal de Barba. Conhecia a nossa família, entendia os nossos problemas e encontrou uma maneira de tirar pelo menos um de nós da miséria em que vivíamos. Pagava um salário e dava educação, comida, roupas e instruções para a vida.
Dona Méri sempre esteve num lugar de honra no coração da Enoína e de toda a nossa família.
Infelizmente a Dona Meri não ficou tempo suficiente na vida da Enoína. Circunstâncias além do seu controle tiraram a minha irmã do seu campo de influência e a Enoína acabou trilhando um caminho diferente.
Casou cedo (aos 16 anos). Felizmente, casou-se com um homem bom, o Danilo Vieira, que esteve com ela até o fim.
Eu gostaria de dizer aqui que a minha irmã teve uma vida feliz e realizada, mas, infelizmente, não seria verdade. Mas também não vou desfiar aqui um rosário de lamentações.
Afinal, ela sempre teve uma visão otimista da vida. Lutou pelas coisas que acreditava. Tinha um espírito empreendedor e um talento raro para organização de festas. Nisso ela era, reconhecidamente, excepcional.
Perder alguém da família nunca é fácil. Mas perder um irmão é muito doloroso. Quem já passou por isso consegue entender.
Por mais que ela estivesse muito doente, sofrendo as complicações de uma diabetes severa, que já havia tirado dela as duas pernas... a luta e a esperança nunca acabavam nem nela, nem na família.
Mas o dia chegou. E agora fica apenas a saudade e as lembranças da nossa infância pobre em Rio do Sul, dos almoços que realizamos muitas vezes na casa dela em Itajaí, do seu otimismo, da sua resiliência e do amor que ela tinha por todos os irmãos.
(Na foto ao lado, a última vez que nos vimos, neste ano. Uma imagem pra ficar na memória)
Vai com Deus, querida Enoína. Que o nosso pai Ênio e a mãe Mathildes te recebam com muito carinho. E que a gente volte a se encontrar em outras vidas.
PADILHA, Ênio. 2022
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