RIO DE JANEIRO: DE VOLTA AO PASSADO

(Publicado em 03/10/2009), um dia depois de o Rio de Janeiro ter sido escolhido para sediar os Jogos Olímpicos)



Quando Jucelino Kubitscheck decidiu construir Brasília, na década de 1950, o Brasil vivia um período de grande euforia. Um período de grandes investimentos em obras de infra-estrutura: estradas, pontes, barragens, saneamento básico, redes elétricas... A Engenharia e a Arquitetura brasileiras viviam seu período de ouro!






Quando o governo mudou-se do Rio de Janeiro para o Planalto Central a cidade iniciou um longo período de decadência. Perdeu o status de Capital da República, depois perdeu a sede das principais empresas estatais, perdeu a sede do conselhos profissionais, perdeu o comando das forças armadas. Perdeu uma legião de intelectuais com altíssimo padrão de vida.

Manteve a fama de capital cultural, mas começou a ver esse monopólio dividido com São Paulo, Belo Horizonte e Salvador.
No futebol, onde sempre reinou absoluta, amargou um esvaziamento gradativo até chegar à situação de indigência dos dias atuais.

A irreverência dos cariocas e a idolatria do jeitinho, da marra e da malandragem acabaram produzindo governantes esquisitos ou irresponsáveis (ou as duas coisas), que perderam o controle sobre o espaço urbano e sobre os destinos da cidade.

Assim, de perda em perda, o Rio de Janeiro chegou a esse 2 de outubro de 2009, quando uma conjunção de fatores e acontecimentos acabaram por dar ao Rio de Janeiro um grande presente: a oportunidade de se reinventar. A oportunidade de voltar a ser a cidade que era até na década de 1950.

O direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016 (e, no meio do caminho, a Copa do Mundo, cuja final será realizada no Maracanã) representa, para o Rio de Janeiro uma chance de enfrentar todos os fantasmas que têm assombrado os cariocas e brasileiros nesses últimos 50 anos.

Nesses próximos 7 anos o Rio de Janeiro se verá diante de desafios do tamanho que os cariocas merecem. Desafios que motivarão as melhores cabeças da cidade para a ação. Desafios do tamanho que o Rio de Janeiro não enfrentava desde 1950, quando o Brasil foi sede da Copa do Mundo.

Parte importante desses desafios são de Engenharia e de Arquitetura.
Engenheiros e arquitetos precisam tomar a frente e a liderança nesse processo. Precisam assumir a posição de elementos pensantes, elaboradores e proponentes das soluções.

A Arquitetura e a Engenharia do Rio de Janeiro e do Brasil não podem ser meros executores das idéias dos outros. Nós, melhor do que muita gente, estamos preparados para esse desafio. Precisamos, como se diz no linguajar do esporte, chamar para nós essa responsabilidade.

Sete anos pode parecer muito tempo. Mas o futuro, para nós, engenheiros e arquitetos, é apenas "matéria prima". É o nosso objeto de estudo e trabalho. Engenheiros e Arquitetos vivem de antever e forjar o futuro. Afinal, como disse o Engenheiro Marcos Túlio, no seu discurso de posse como presidente do Confea, "o que é um projeto técnico senão uma maneira que o homem inventou para criar as condições do futuro desejado?"

E o futuro desejado para o Rio de Janeiro, por paradoxal que seja, é voltar ao passado: um tempo em que a cidade era não apenas maravilhosa. Era acima de tudo rica, respeitada e sustentável.





PADILHA, Ênio. 2009

Comentário #1 — 03/10/2009 10:53

PAULO CESAR BASTOS — ENGENHEIRO CIVIL — Feira de Santana / Salvador-Ba

Prezado Enio Padilha
Valeu Brasil.
A Engenharia é a força indutora do progresso e o imã do desenvolvimento.
Chegou a hora da Engenharia Brasileira, mais uma vez, mostrar o seu valor.Os desafios para a Copa e as Olimpíadas serão vencidos pela nossa tecnologia construtiva já reconhecida em vários países.
As usinas de asfalto e/ou de concreto são as maiores usinas geradoras de trabalho e renda, em todos os níveis das atividades produtivas.Desde o pós-doutor até o mais simples ,mas importante e indispensável, trabalhador.
Existem vagas para todo mundo , no mundo da construção.Recessão, nunca mais.
Vamos construir o Brasil Campeão, um país moderno, forte,democrático,livre e justo com uma tecnologia inovadora e avançada construindo um presente de qualidade em busca de um futuro com sustentabilidade.

PAULO CESAR BASTOS

Comentário #2 — 03/10/2009 23:40

JOSÉ R. MORITZ PICCOLI — Engenheiro Civil e de Segurança — Balneário Camboriú / SC

Meu amigo Enio, concordo em parte, pois além de carioca morei minha vida toda na Rua Silveira Martins, a rua do Palácio do Catete. Foi dela que vi na minha infância Juscelino abanar com a mão direita sobre a cabeça e vi também a industria automobilística se lançar e não perdemos tanto assim, apenas aprendemos a \"passar a bola\" para os vizinhos de cima e de baixo.
Só tem uma coisa que fez a diferença neste país, foi quando ele foi presidido pelos estadistas e sob minha ótica só tivemos 3 até hoje: Dom Pedro II, Getúlio Vargas e Juscelino Kubtschek de Oliveira e o resto todo, inclusive os militares, não passaram de uma bobagem! Pior é que alguns fizerm bobagem!

Comentário #3 — 06/10/2009 07:12

José Luiz Costa — Engenheiro Civil — Luanda / Angola

Saudações Cariocas! Concordo com você, Colega e Amigo Ênio, e com os demais colegas. O Rio, sempre com a sua vocação de grandes desafios, e já começa na sua fundação (01.03.1565, quando a o desafio naquela época expulsar os franceses da Baía da Guanabara...)e felizmente para todos nós brasileiros e cariocas de espírito, a ser foco de vários eventos de enorme grandeza.E falando na linguagem dos boleiros, não sendo um jogador lançador ou de servir, mas a de artilheiro matador, mas com a missão de resolver. Lógico que não faltarão os oportunitas, ou os que só querem fazer o gol sem ter o trabalho de contruir ou elaborar as jogadas. Terá que ser um verdadeiro trabalho de Equipe. E nós Profissionais da área, mais uma vez teremos esta missão. Deixarmos de lado as vaidades, e focar o que reconhecidamente sabemos fazer. Mais um desafio, e bola pra frente !!!

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

Amigo José Luiz
Imagino que, pra você, além da felicidade que tomou conta de todos nós, brasileiros, deve ter ficado também uma dorzinha, por não estar ali, nas areias de Copacabana, comemorando e bebemorando com os conterrâneos.
Fazer o quê? Nem tudo é perfeito, né?

Olha, concordo com você e aposto na grandeza do povo do Rio de Janeiro. Veja que, no texto eu disse que "esse é um desafio do tamanho que os cariocas merecem".
Esse desafio é de todos os brasileiros. O Rio de Janeiro não poderá abrir mão de talentos e competências de outros estados e que estarão disponíveis para ajudar. Mas os cariocas terão uma parcela muito especial e importante nessa batalha. Finalmente "chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor!".
Grande abraço, amigo.

PS. Você já deu uma olhada no outro artigo que eu escrevi sobre este tema. "BRASIL OLÍMPICO: O QUE É QUE EU TENHO COM ISSO?"
Dá uma olhada.

DEIXE AQUI O SEU COMENTÁRIO

(todos os campos abaixo são obrigatórios

Nome:
E-mail:
Profissão:
Cidade-UF:
Comentário:
Chave: -- Digite o número 561 na caixa ao lado.

www.eniopadilha.com.br - website do engenheiro e professor Ênio Padilha - versão 7.00 [2020]

powered by OitoNoveTrês Produções

20/04/2024 00:09:09     6196967

269