COMENTÁRIOS AOS TEXTOS REFERENCIAIS DO 7º CNP

Acabei de ler os primeiros textos referenciais do 7º Congresso Nacional de Profissionais (CNP), que será realizado em agosto de 2010, em Cuiabá-MT.
Esse evento será precedido de 27 Congressos Estaduais, realizados em cada uma das capitais brasileiras e no Distrito Federal, e de mais de três centenas de eventos microrregionais.
O tema central será “Construindo uma Agenda Estratégica para o Sistema Profissional: desafios, oportunidades e visão de futuro”.

O site do confea (www.confea.org.br) publica os artigos escritos por profissionais de diversos setores versando sobre diferentes aspectos do tema central.
O caderno final (que deverá ser lançado em fevereiro, durante o Encontro de Lideranças do sistema confea/Crea e Mútua) deverá trazer muitos outros artigos. Mas esses artigos já publicados já conseguem nos dar um bom panorama da discussão que teremos este ano.

O objetivo dos textos, segundo a Comissão Organizadora Nacional do 7º CNP é enriquecer o debate e motivar as discussões. Nesse sentido, acredito que esses primeiros 11 artigos acertaram em cheio. Vale a Pena ler. Eu li e escrevi os seguintes comentários:


Eixo 1: Formação Profissional

1.1) As ações orientadas para a integração dos Sistemas Profissional e de Formação

(por Danilo Silli Borges)

1.2) A era do conhecimento: os novos desafios para os profissionais de engenharia

(por Neri dos Santos)


Sem desmerecer os demais textos (na minha opinião, todos muito interessantes e úteis) esse dois artigos (e mais o artigo de Edison Macedo - do qual trataremos adiante) são os melhores da seleção.
Tanto Neri dos Santos quanto Danilo Borges foram precisos e didáticos ao atacar as questões a que se dedicaram.
O texto de Neri dos Santos nos instrumentaliza para uma reflexão consistente sobre esse "universo do conhecimento" em que engenheiros, arquitetos (e todos os profissionais da área tecnológica) estão imersos. Segundo ele, a era industrial, cuja características principais eram a certeza e o raciocínio lógico deu lugar à era do conhecimento, caracterizada pela imprecisão, pelo futuro desconhecido e pelo número infinito de possibilidades que se apresentam. E isto altera a maneira como engenheiros se posicionam e desenvolvem sua visão de mundo.
Citando Djalma Oliveira, Neri afirma que esta é a economia do saber. e que nela "ganha a guerra quem sabe mais, quem sabe aprender e quem aprende mais depressa". E que "isso se aplica aos indivíduos, às organizações e aos países".
Isto me levou a concluir (espero que esteja acompanhando o raciocínio do autor) que a capacidade de aprender (e de aprender depressa) é uma das coisas mais importantes, tanto para um profissional quanto para uma organização. Isto significa que, do ponto de vista da organização, a capacidade de aprender depressa depende da capacidade individual dos integrantes da equipe e do sistema de integração do conhecimento que a empresa conseguir desenvolver (algoritmos operacionais, sistemas de arquivos, adequação de indivíduos e tarefas, etc). No entanto, o individualismo e a autosuficiência dos engenheiros, (características que estou identificando numa pesquisa em andamento) podem ser fatores que podem dificultar essa tarefa.
O artigo apresenta as caracteristicas de uma Organização do Conhecimento, que o autor estabelece como o paradigma das organizações dessa nova economia, e conclui apresentando os novos desafios para os profissionais de engenharia, destacando a necessidade de que esse profissional tenha "intimidade tanto com os produtos dessa era como com o seu gerenciamento".

Já Danilo Borges nos brinda com uma das reflexões mais equilibradas e lúcidas que eu me lembro de ter lido sobre a integração dos sistemas profissional (Confea/Crea) e de formação (Universidades, especialmente as universidades públicas).
Partindo de duas verdades consensuais (a de que "a principal condição para o crescimento econômico e social de um país é a educação da sua população" e que "a tecnologia criada intra-fronteiras é a mola mestra desse desenvolvimento e da segurança do país") o autor discorre em oito paginas todas as mazelas dos dois lados da questão e as principais barreiras para o entendimento mútuo.
Batendo na mesma tecla do artigo anterior, ele afirma que "a qualidade dos nossos engenheiros é que vai, em boa parte, determinar os caminhos do desenvolvimento do país". E faz uma chamada de atenção; "isso, é bom que se entenda, não é retórica. Somente pelo domínio da tecnologia e pela criatividade e inovação nos seus processos é que deixaremos de ser primordialmente exportadores de commodities para nos tornarmos produtores e exportadores de produtos de alto valor agregado". Daí a necessidade de o Sistema Profissional e as Universidades se entenderem quanto ao profissional que será preparado para essa missão.

Ele faz uma leitura (na minha opinião) 100% correta da maneira como as universidades têm sido representadas nos Creas e no Confea, apontando nessas falhas uma importante causa para a pulverização da engenharia em centenas de cursos e títulos profissionais.
Aborda os valores vigentes entre os profissionais que praticam a engenharia, no mercado e os valores dos que abraçam a carreira acadêmica, mostrando como, no atual sistema "os profissionais renomados na vida prática da engenharia não têm mais lugar na academia, pois não preenchem os seus requisitos"
E não deixa de "alfinetar" decisões políticas que atentam contra a engenharia nacional, ao afirmar que "nossa segurança não estará garantida pela aquisição de artefatos bélicos, até porque ninguém vende o que tem de mais avançado e nem repassa tecnologia de ponta, nesse ou em qualquer outro setor, mesmo que tenha assinado contratos para transferi-la junto com suas vendas".
Conclui retomando o tema da formação profissional, preconizando a integração dos sistemas profissional e educacional, para que as duas partes se beneficiem do intercâmbio e que profissionais destacados do mercado possam contribuir no processo de formação dos profissionais.

É uma pena que grande parte dos congressistas nem vai chegar a ler esses artigos. E chegarão a Cuiabá agarrados às suas idéias pre-concebidas sem terem dado a si próprios a possibilidade de refletir sobre o que esses dois autores nos apresentaram, com tanta qualidade e eficiência.


ÊNIO PADILHA
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Eixo 2: Exercício Profissional

2.1) A valorização das profissões do sistema Confea/Crea na estruturação do setor público

(por Alceu Fernandes Molina Jr.)

2.2) Um enfoque sobre a valorização dos profissionais e das profissões do sistema Confea/Crea

(por Edison Flávio Macedo)


Ao contrário dos dois artigos acima, cujos autores eu não tive ainda o privilégio de conhecer pessoalmente, estes dois artigos aqui eu avaliei, confesso, com uma boa dose de preconceito.
Preconceito positivo, é bom que se diga. Eu conheço os autores e tenho por eles imensa estima e um respeito muito grande. São pessoas excepcionais e profissionais de competência indiscutível. E são meus amigos.
Além do mais, como eu poderia ser imparcial com o artigo do Alceu Molina, se ele começa citando o meu trabalho e subscrevendo minhas considerações sobre as condições fundamentais e principais indicadores da valorização profissional?

Mas... não é só isso o artigo do Alceu. Ele faz um apanhado histórico muito preciso que explica com muita competência os percalços enfrentados pelos profissionais na chamada "década perdida" (1980) e depois (aí está a grande sacada do artigo) mostra como a Constituição Federal de 1988 acabou sendo uma peça fundamental para alguns problemas cruciais enfrentados pelos engenheiros na luta pela valorização profissional. Mostra, de forma inteligente, como a estrutura do estado (e do serviço público) desmotiva e desmobiliza a categoria. E como o estado perde com isto, por não ter mecanismos capazes de selecionar no mercado os melhores profissionais para ocupar os cargos das áreas tecnológicas.

Ele aponta as causas e consequências, mas aponta também algumas possibilidades de saída, demonstrando que se o estado estabelecer condições para arregimentar os bons profissionais do mercado para o serviço público, haverá benefícios para todos os envolvidos: os profissionais, o estado e a sociedade.

Edison Macedo, eu já disse isso algumas vezes, é um dos mais importantes pensadores da Engenharia Brasileira. Poucos brasileiros conhecem o nosso sistema profissional tão bem quanto ele. E poucos podem dizer que contribuiram mais do que ele para sua organização. Da sua caneta, depois da sua máquina de escrever e agora do seu computador já saiu muita coisa que é leitura obrigatória para todos os profissionais.

Neste texto ele enfrenta a questão da Valorização Profissional e o faz Partindo da Teoria da Motivação ou da Hierarquia das Necessidades (de Abraham Maslow), mostrando que a questão da Valorizaçção tem múltiplas visões, Desde às visões limitadas (ou limitadoras) como a questão da remuneração, das reservas de mercado, do emprego tradicional e dos indicadores referenciais até uma visão ampla de uma política de Valorização Profissional que considera a questão nos seus aspectos mais gerais.

Ele apresenta, como uma espécie de "primeiro passo", o que chama de "pre-requisitos da valorização profissional" em uma sociedade que são a "consciência dos direitos e deveres", a "capacidade de lutar por eles", e a "capacidade de estabelecer consensos".

Daí chega ao passo seguinte, que são os "requisitos da valorização profissional", que seriam uma "identidade profissional própria", uma "identidade do sistema profissional" e uma "visão prospectiva".

E, finalmente, nessa linha de raciocínio, chega aos "elementos para a definição de uma política de valorização profissional", posicionando as ações em três linhas: 1) O que o profissional poderá fazer por si mesmo; 2) O que o sistema poderá fazer pelo profissional; e 3) O que a união, os estados e municópios poderão fazer pelos profissionais.

Essas questões são sempre presentes nas discussões dos nossos congressos e seminários.
Esses dois artigos são importantes para fundamentar qualquer discussão sobre esse tema. Recomendo, portanto, a todos os potenciais congressistas, que se alimentem desses textos. Estude-os, desenvolvam, à partir deles, uma linha própria de raciocínio.

Só não tentem começar do zero, reinventar a roda, ir para o congresso apresentar idéias vazias de conteúdo ou sem o necessário amadurecimento intelectual, tendo à disposição dois artigos belíssimos que podem servir de base e referência para as discussões dos congressos regionais, estaduais e o Nacional, em agosto.
Seria uma lastimável perda de tempo. E nós já perdemos tempo demais.


ÊNIO PADILHA
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Eixo 3: Organização do Sistema

3.1) Fortalecimento das organizações profissionais integrantes do sistema confea/crea

(por Paulo Roberto da Silva)

3.2) Fortalecimento das organizações profissionais integrantes do sistema confea/crea: experiência do Paraná

(por Álvaro Cabrini Jr. e Claudemir Marcos Prattes)

3.3) Gespública e o modelo de excelência gerencial buscado pelo sistema Confea/Crea

(por Edson Cezar Mello Jr.)

3.4) Em busca de maior produtividade do sistema

(por Valmir Pontes)


De uma maneira geral pode-se dizer que as organizações do Sistema Confea/Crea são mal administradas. Ou porque não têm recursos financeiros suficientes para uma qualidade mínima de gestão ou porque desperdiçam o dinheiro que arrecadam em ações desconectadas de estratégias que façam sentido para o público-alvo (os profissionais do campo, que pagam a conta).

Os artigos que tratam desta questão (Organização do Sistema) apontam suas armas para alguns problemas que explicam essa provável ineficiência.

Valmir Pontes aponta o problema na "tendência dos colegiados do sistema de mimetizar os colegiados do Poder Judiciário, com perda de qualidade de suas decisões, por não as fundamentarem tecnicamente" Ele consegue demonstrar que esse equívoco realmente existe e que "em virtude da falta de uma percepção mais ampla da necessidade de fundamentação técnica em grande número de decisões, há um viés que induz todos os colegiados do Sistema a se comportar como colegiados judiciais".
Edson Mello aponta o Modelo de Excelência em Gestão Pública (Gespública) como um caminho a ser seguido pelas organizações do sistema que quiserem apresentar uma gestão profissional e de qualidade. Mas chama atenção para o fato de que Tudo depende do comprometimento de todo o sistema e da compreensão dos profissionais frente a períodos de transição e mudanças no exercíco da fiscalização. Para concluir com questionamentos cruciais: "que esforço estamos dispostos a investir?". "As lideranças do Sistema Confea/Crea têm essa visão, ou há ainda espaço para administrações com visões corporativistas e patrimonialistas e no curso das instituições como meio para apoiar outras organizações?" (aguarde: essas questões poderão aparecer novamente mais tarde)

Num interessante artigo, Claudemir Prattes e Alvaro Cabrini, relatam o modelo de gestão adotado por aquele Regional, apontando-o como uma sugestão de modelo a ser adotado para o fortalecimento do Sistema Profissional "tendo as organizações profissionais em especial as Entidades de Classe como atores principais neste processo". Um trabalho de pesquisa realizado pelo CREA-PR é citado também no artigo de Paulo Roberto da Silva, que trata do Fortalecimento das Organizações Profissionais Integrantes do Sistema Confea/Crea.

Paulo Roberto, após fazer uma ótima resenha histórica do processo de planejamento estratégico no Sistema Confea/Crea desenha um panorama (infelizmente realista) da Situação das Entidades Nacionais, destacando a questão do número de associados (quase sempre muito baixo); a questão da infra-estrutura (muito fraca e, no mais das vezes insuficiente); a questão da sustentabilidade financeira (beirando a indigência); a questão da participação do profissional na entidade (lamentavelmente, muito baixa); a questão da participação social e comunicação das entidades (extremamente amadora e ineficiente) e, finalmente, a questão dos programas de capacitação profissional.

Nesta última questão eu me permito citar um arqigo que eu escrevi em 2007: NOSSAS ENTIDADES DE CLASSE NÃO SÃO EMPREENDEDORAS no qual eu chamo atenção para o fato de que a promoção de eventos, por exemplo, que é, potencialmente, a principal fonte de renda de uma entidade de classe, é geralmente relegada a um segundo plano, gerida por amadores e transformada, em última análise, no oposto diametral de "fonte de renda": vira principal destino de recursos da entidade. E que a grande maioria das entidades de classe no Brasil é refém do CREA e do famigerado retorno de 10% sobre a arrecadação de ARTs. Só faz o que o dinheiro do CREA permite (e acaba fazendo só o que o CREA permite). Não tem vida própria, porque não se sustenta. E não se sustenta porque não se garante. Não é empreendedora.

Paulo Roberto conclui seu artigo apontando o que ele chamou de "Fragilidades institucionais das organizações Profissionais do Sistema Confea/Crea". É uma lista bem extensa!
Preocupante, no mínimo.

ÊNIO PADILHA
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Eixo 4: Integração Profissional e Social

4.1) Subsídios para a integração do Sistema Confea/Crea com os sistemas públicos e privados

(por Francisco Machado da Silva)

4.2) Elementos para uma política de comunicação institucional do Sistema Confea/Crea

(por Aloísio Lopes)

4.3) Avaliando os desafios e as oportunidades da inserção internacional do Sistema Confea/Crea

(por Carmem Eleônora C. Amorim Soares)


Aloísio Lopes começa seu artigo afirmando que "a comunicação pública é uma extensão do direito da sociedade à informação". eu concordo com ele, evidentemente. Mas discordo que esse conceito seja levado à sério nos Creas e no Confea. E, como eu já disse em um artigo de 2003, POR QUE ODIAMOS TANTO O CREA isso nem é culpa dos jornalistas, que fazem até um bom trabalho. A culpa é das diretrizes que eles recebem (de cima: dos engenheiros, arquitetos e agrônomos, seus chefes). Se a comunicação pública é uma extensão do Direito da sociedade à informação, as assessorias dos Creas e do Confea parecem estar na contra-mão do conceito, pois funcionam, antes, como filtros e amplificadores daquilo que podemos qualificar como "informação produzida pelas entidades. Tudo o que não interessa que seja noticiado é filtrado e tudo o que interessa à instituição que seja divulgado é amplificado e tratado, antes de ser entregue ao público interessado.
Eu vejo isso como um problema. Um problema que se agrava à cada dia, quando o acesso dos profissionais do sistema à informação está cada vez mais intenso. Essa visão precisa ser revista.
O próprio Aloísio reconhece isso, primeiro ao afirmar que na comunicação do Sistema confea/Crea a Web tem se apresentado como a mais adequada. Segundo, quando cita a professora Margarida Maria Krohling Hunsch, da USP, para afirmar que "a comunicação institucional, seja de órgãos públicos ou privados não deve nunca, por uma questão de inteligência, credibilidade e , principalmente de respeito ao profissional e ao cidadeão, ser uma comunicação chapa branca (o grifo é meu).
Ele só esqueceu de dizer como é que os jornalistas do sistema conseguirão fazer isso e manter seus empregos. (a vida é dura!)

Carmem Eleonora desenha, no seu artigo, um panorama do que é (e do que tem sido) a articulação internacional do Sistema Confea/Crea. Mas, talvez o artigo tenha deixado de tocar em assuntos melindrosos e que são (ao meu ver) relevantes.
O Confea, principalmente, tem um investimento considerável em ações de integração internacional. Todos os anos missões internacionais são constituídas por conselheiros, diretores e assessores do Confea e, eventualmente, por presidentes de Creas. Essas missões são constituídas por critérios quase sempre mais políticos do que técnicos e resultam em muito pouco em termos de enriquecimento cultural do Sistema. Os "missionários" quase nunca dominam o idioma do país visitado ou do Congresso de que participam; Os relatórios apresentados para essas viagem beiram o ridículo e raramente se tornam públicos. E essas viagens raramente são precedidas de uma preparação conceitual ou sucedidas de um projeto de repasse aos profissionais do sistema. Resume-se, no mais das vezes, ao mero turismo patrocinado pelo Sistema (leia-se, pelos profissionais do sistema).

Outra questão abordada pelo artigo da Carmem Eleonora é a critica aos especialistas que "dizem que o Brasil se mantém muito ocupado tentando estabelecer acordos com os Estados Unidos e a União Européia mas que ignora as possibilidades com os pares da América Latina, sendo que existe, sim, muito a ser feito e a ganhar com essas cooperações."
Eu não discordo que existam benefícios, mas o artigo não deixou isso claro. Faltou dizer, por exemplo, o que o Brasil (os engenheiros brasileiros) ganham com os tratados e acordos assinados com os países africanos e latino americanos. Quem está mais interessado em mobilidade: os engenheiros brasileiros ou os engenheiros paraguaios? o que ganham os profissionais brasileiros com acordos de livre exercício profissional com o Paraguay, com a Argentina, Uruguay, Cuba, Bolívia, Venezuela? Esses mercados internacionais de Engenharia e de Arquitetura são mais ricos e desenvolvidos? São alvos comerciais importantes para profissionais brasileiros? Ou esses tratados e acordos acabarão nos levando a dividir nosso mercado com nossos colegas desses países sem nenhuma contrapartida relevante? Como vai ser quando os engenheiros chineses entrarem no Brasil, com paridade de atribuições?
(Preste atenção: não estou fazendo afirmações. Estou fazendo perguntas! E esperando, como muitos colegas brasileiros, respostas.)

Acho que a atuação do Confea, na área internacional, precisa dar conta disso. Precisa manter um conjunto de gráficos, tabelas, relatórios e outros mecanismos de informação que permitam ao profissional brasileiro embasar as suas decisões sobre essas questões que são, de fato, da mais alta relevância.

Pra finalizar, com chave de ouro, chegamos ao artigo de Francisco Machado da Silva.
Não tenho dúvidas de que este é o mais inquietante de todos. É o que mais acende luzes sobre os principais problemas que o nosso sistema profissional enfrenta.
E não são poucos os problemas. E não são muitas as possibilidades de que esses problemas venham a ser enfrentados no futuro próximo, pois, como bem escreveu o autor (página 6) a cereja no topo do bolo parece ser "o fisiologismo de grupos e a influência de lideranças, face à omissão ou o comodismo da maioria"
Tá feia a coisa!

As características diferenciais do Sistema Confea/Crea (página 5 - A2) são todas ruins ou fatores complicantes para o sistema. Não há nada ali que facilite a integração ou o fortalecimento das instituições. É só bomba.

Os avanços do Sistema (página 5 - A1) são todos intestinos (não há nada naquela lista que interesse, de fato, aos profissionais do campo. Só interessa aos membros das organizações do sistema: Confea, Crea, Mútua, Sindicatos, entidades de Classe...)

Além disso (e isso eu considero muito grave) enfrentamos um outro problema importante: nossas lideranças não são tão qualificadas quanto deveriam. Nossos líderes nem sempre estão à altura da complexidade do nosso sistema profissional. E muitos deles (infelizmente) são pessoas desinteressadas no bem comum (cada um defende - com unhas e dentes - o seu próprio sítio). Não leem e não estudam o sistema (página 10, terceira palavra chave).

Infelizmente, pouca gente vai ler esse riquíssimo material que está sendo produzido pela organização do Congresso. Aí, quando chegar lá no congresso, vai estar cada um falando sua própria língua, sem entender as razões das outras partes. E o congresso corre o risco de produzir resultados inóquos, como os resultados dos congressos anteriores.

Mas, como diria Belchior, na música "Divina Comédia Humana": "enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não... eu canto"


ÊNIO PADILHA
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Comentário #1 — 11/06/2010 01:08

Paulo Bubach — Engenheiro — Vitória-ES

Prezado Enio,
Obrigado pelo precioso (e laborioso) trabalho de sintetizar os textos referenciais preparatórios para o 7º CNP.
Confesso que só tinha lido 3 ou 4 dos textos e agradeço por ter me passado o "mapa da mina" hoje, durante prazeroso almoço, em sua passagem pela nossa cidade de Vitória, para mais um compromisso profissional.
A triste realidade é que a esmagadora maioria dos profissionais que estão participando dos eventos preparatórios não leram os textos referenciais.
Acredito que se o Confea e os Creas publicassem seus comentários sobre os textos, de leitura mais fácil e rápida, despertaria o interesse e estimularia um aprofundamento dos temas levantados, com a consequente melhoria da qualidade dos debates e das decisões do 7º CNP.
Ainda há tempo. Vou sugerir, no CEP/ES, a distribuição do seus "resumos" aos Delegados e torcer para que colhamos bons frutos em Cuibá, em Brasília, e, finalmente, em todo o Brasil.
Parabéns!
Paulo Bubach

Comentário do Ênio Padilha

Grande amigo Paulo Bubach

Primeiro, agradeço a sua atenção a esses escritos.

Notificado que fui (pelo sistema do meu web site) de que havia um comentário novo neste artigo, acabei por perceber que este post não só foi pouco visitado como não havia ainda nele nenhum comentário. O que é triste, pois, na minha avaliação, muito conteúdo para ser debatido.
Concordo com você de que esses "resumos" deveriam ter tido mais atenção dos Creas e do Confea (que aliás, receberam esse material todo).
É a vida, amigo. Em qualquer outro artigo onde haja algum "dedo-no-olho" ou algum potencial "barraco", imediatamente os comentários pipocam e a atenção de todos é conquistada.

Felizmente eu não tenho esse talento. E fico muito feliz com poucos porém qualificados comentários, como esse seu.

Grande abraço

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