DIFERENCIAL COMPETITIVO E VANTAGEM COMPETITIVA EM ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA/ENGENHARIA

(Publicado em 03/02/2010)



Quando, no meu curso de Marketing para Engenharia e Arquitetura, eu peço que os profissionais falem dos seus DIFERENCIAIS COMPETITIVOS, as respostas, invariavelmente são sempre as mesmas:
• agilidade
• flexibilidade
• desembaraço
• qualidade do projeto
• nível de detalhamento dos projetos
• uso de maquete eletrônica para apresentar o projeto
• criatividade
• autoconfiança
• originalidade
• competência
• nível de atualização
• comprometimento
• estilo próprio
• atenção dada aos clientes
• cumprimento dos Prazos
• conhecimento tecnológico
• facilidade de comunicação

Esses são os “diferenciais competitivos” citados pelos profissionais.

Tudo muito bom. Tudo muito bonito! Só tem um problema: praticamente nenhum desses atributos pode ser considerado realmente, um diferencial competitivo. Os profissionais dão essas respostas erradas por desconhecer o verdadeiro significado do termo e os conceitos que estão envolvidos quando o assunto é Diferencial Competitivo e Vantagem Competitiva.

Então vamos fazer uma introdução ao tema.





Imagem de PublicDomainPictures por Pixabay



É o seguinte: nos estudos de Estratégia existem questões que são centrais. Aquelas que são as mais importantes e as mais estudadas. Uma dessas questões é explicar "por que algumas empresas têm desempenho superior ao desempenho dos concorrentes?"

Existem muitas teorias e perspectivas teóricas que explicam essas coisas.

Uma dessas teorias (ou perspectivas teóricas) é a SCP (Structure Conduct Performance - Estrutura, Conduta e Performance), derivada da Economia Industrial de Mason e Bain, da qual Michael Porter é um expoente contemporâneo). Outra é a RBV (Resource-Based View - Visão Baseada em Recursos).

As duas perspectivas teóricas têm a intenção de explicar o que faz com que as empresas tenham desempenhos diferentes.

Mas não é só isso. Essas duas perspectivas discutem também as questões fundamentais sobre as fontes e manutenção da vantagem competitiva das empresas. Ou seja: como e porque a empresa obtém vantagem competitiva (se torna mais competitiva do que seus concorrentes) e como essa Vantagem Competitiva pode ser mantida.

O PARADIGMA SCP
Se você já participou de algum trabalho de PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO provavelmente já teve contato com a perspectiva SCP e com a obra de Michael Porter, um importante pesquisador / professor / autor norte americano que é o principal divulgador do Paradigma SCP. que tem como pressuposto central a tese de que a estrutura da indústria detém as razões das diferenças observáveis no desempenho das firmas.

Importante: (Indústria, na economia Industrial de Mason e Bain, é definida como o conjunto de empresas que produzem e disponibilizam ao mercado produtos que são substitutos e bastante próximos entre si. Não tem, portanto o sentido normalmente utilizado no Brasil que entende indústria como uma fábrica de bens de consumo ou de produção).

Em termos simples, o que a SCP nos diz é que o conjunto das empresas de um determinado setor contém mais explicações sobre o desempenho individual de cada empresa isoladamente do que as ações dos seus gerentes.

A frase do norte americano John D. Rockefeller, ilustra bem essa perspectiva teórica: “O melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada. O segundo melhor negócio é uma empresa de petróleo mal administrada”.

A VISÃO BASEADA EM RECURSOS
Já a RBV (Visão Baseada em Recursos) sustenta que as diferenças de desempenho entre as firmas é explicada pela diferença entre os recursos organizacionais e pela maneira como as empresas lidam com eles.

Com a RBV parte-se do pressuposto de Barney (1991) e Peteraf (1993) de que a heterogeneidade na distribuição dos recursos é o que gera diferenças no desempenho das empresas. Ou seja: as empresas são heterogêneas no que tange aos seus recursos e esta heterogeneidade na posse ou controle de recursos pode explicar a vantagem competitiva.

No meu trabalho realizado para a Dissertação do Mestrado em Administração, analisei a heterogeneidade das pequenas empresas de Engenharia à luz da RBV, realizando um estudo de casos múltiplos em pequenas empresas de Engenharia de Santa Catarina.

Apesar de a literatura da RBV focalizar os recursos essenciais (aqueles raros, valiosos e de difícil imitação) os resultados mostraram que a fonte de heterogeneidade, no caso de empresas de Engenharia, é a combinação de recursos essenciais e não-essenciais, e recursos de diferentes graus de pertinência a empresa.

Trocando em miúdos: a empresa pode combinar recursos normais de maneira única e eficaz de tal maneira que o resultado dessa combinação é um recurso valioso, que poderá levar a empresa à Vantagem Competitiva.

HETEROGENEIDADE E DIFERENCIAL COMPETITIVO
(Heterogeneidade, no estudo da RBV, é um termo que se aplica à diferença entre as empresas no que concerne à posse ou controle dos recursos)

Essa discussão sobre Heterogeneidade de Recursos nas Empresas se presta a esclarecer (ou tentar esclarecer) uma questão muito próxima de todo engenheiro ou arquiteto que tenha um escritório e, portanto, concorrentes: o que pode fazer o cliente preferir o meu escritório ao do meu concorrente? Quais são os diferenciais competitivos no mercado de serviços de Engenharia e de Arquitetura? Como obter vantagem competitiva utilizando de forma racional os recursos que o meu escritório pode possuir ou controlar?
Essas questões nos levam ao conceito de Diferencial Competitivo.

DIFERENCIAL COMPETITIVO é tudo aquilo que torna a sua empresa ÚNICA ”aos olhos do cliente”. É um recurso que uma empresa possui ou controla e que é percebido pelo mercado como positivamente destacado. Mas isto só não basta. É preciso também...

1) Que este recurso seja raro. Ou seja. muito difícil (trabalhoso, demorado ou caro) para ser adquirido ou controlado pelo concorrente ou que

1.2) ...que este recurso seja idiossincrático. Ou seja, que este recurso se combine com outros recursos da empresa de forma única (isto é, de maneira diferente da possível combinação com recursos do concorrente) e que essa combinação permita à empresa conceber e implementar estratégias que produzam vantagem competitiva;

2) Portanto, que esse recurso produza vantagens e benefícios para os clientes e que eles (os clientes) consigam perceber claramente essas vantagens e benefícios.

Diferencial Competitivo, portanto, não é apenas "ter qualidade no que faz", ou "ter preço baixo" ou "ter bons clientes no currículo". É preciso um pouco mais de esforço para ter um verdadeiro Diferencial Competitivo.

Possuir ou controlar um recurso positivo só constitui um diferencial se o mercado perceber de forma inequívoca as vantagens e benefícios decorrentes. Do contrário, possuí-lo ou controlá-lo não aumenta as suas vendas, não gera indicações importantes pra a empresa.

Pode-se dizer, com outras palavras, que Diferencial Competitivo é algo que sua empresa tem, que as outras não tem, que vão demorar a ter (ou nunca terão) e que os clientes gostam.

A VANTAGEM COMPETITIVA
O fim (a finalidade) de se explorar recursos é obter a Vantagem competitiva. Vantagem Competitiva é, em última análise aquilo que toda empresa almeja ter (ou obter).

A Vantagem Competitiva é algo que a empresa conquista através de estratégia concebida e implementada utilizando (combinando) um ou mais diferenciais competitivos.

Pankaj Ghemawat, um indiano, pesquisador de administração, afirma que "uma empresa possui vantagem competitiva quando oferece alguma coisa que é única e valiosa no mercado". Preste atenção no verbo: ele disse "o-fe-re-ce". Não disse "possui". Muita gente confunde essas duas situações. Acha que uma empresa que possui algum diferencial competitivo tem, automaticamente uma vantagem competitiva. Não é bem assim.

Outro autor, David Cravens (no livro Strategic Marketing) diz que "a vantagem competitiva acontece quando as aptidões (capacidades) da empresa excedem as do concorrente em um determinado fator. Ela é alcançada quando se encontra um atributo de produto que os clientes perceberão como de valor superior".

Novamente percebe-se (estando atento) que estamos falando dos "finalmentes", ou seja, dos produtos da empresa. Não interessa aí seus recursos ou seus diferenciais competitivos e sim o que a empresa é capaz de fazer com eles.

Esse é o busilis da questão. A maior confusão que eu tenho percebido entre os participantes dos nossos cursos (engenheiros e arquitetos) é a de achar que ter diferenciais competitivos é suficiente para obter vantagem competitiva. Não percebem que entre os primeiros e a última existe uma coisa chamada ESTRATÉGIA.

Estratégia, em palavras simples, é "aquilo que a sua empresa faz com os recursos que tem".

A Vantagem Competitiva é algo que a empresa obtém como resultado de alguma estratégia concebida, implementada e sustentada utilizando (ou combinando) seus diferenciais competitivos.

Por exemplo: um Escritório de Arquitetura tem um profissional extremamente criativo e disciplinado (duas qualidades que raramente são encontradas na mesma pessoa). Isto é um recurso valioso, por ser raro e por representar um potencial benefício para os clientes. Portanto, é um diferencial competitivo.

Porém, se este profissional gasta praticamente todo o seu tempo com tarefas rotineiras do escritório (como fazer os pagamentos nos bancos, levar e trazer documentos nos órgãos públicos, preencher ART, negociar o dia-a-dia com os empregados, fazer o controle das contas bancárias, organizar e dar suporte aos computadores, etc) e dedica pouco tempo àquelas atividades que fariam as suas qualidades (criatividade+disciplina) aparecer no produto final do escritório... bom, eu nem preciso dizer que "adeus, vantagem competitiva!".

Um escritório de Engenharia ou de Arquitetura precisa ter Recursos (conhecimentos, habilidades, capacidades, instalações, equipamentos e outros ativos tangíveis ou intangíveis). E é bom que alguns desses recursos sejam recursos valiosos (que constituam vantagem competitiva).

Porém, sem um uso inteligente dos próprios recursos não se chega ao objetivo maior da empresa, que é conquistar a Vantagem Competitiva.

USO E COMBINAÇÃO DE RECURSOS
Dificilmente um único diferencial competitivo é capaz de produzir vantagem competitiva. Normalmente a vantagem competitiva acontece quando é posta em ação uma estratégia que combina diversos diferenciais competitivos.

Outra coisa importante é o fato de que a vantagem competitiva só é relevante se for sustentável. Ou seja: é preciso que a vantagem possa ser mantida por tempo suficiente para produzir benefícios duradouros para a própria empresa. Um fator importante para a sustentabilidade das vantagens competitivas é a combinação dos recursos de uma empresa.

Como já foi visto acima, para possuir o potencial de alcance de vantagens competitivas sustentáveis, os recursos devem ser valiosos (com condições de explorar oportunidades e neutralizar ameaças do ambiente) e devem ser raros (nenhum outro concorrente pode ter acesso ou controle desse recurso). Eles também devem ser imperfeitamente imitáveis, combinando ou não três condições:

(a) habilidade de uma empresa em obter recursos, dependente de suas condições históricas únicas (path dependence);

(b) ligação entre recursos e a vantagem competitiva sustentável ter ambiguidade causal, ou seja, compreendida com muita imperfeição; e

(c) os recursos que geram vantagens serem socialmente complexos. Outra questão fundamental é a não existência de substitutos estratégicos equivalentes.

Vantagem competitiva, portanto, é algo que a empresa obtém como resultado de alguma estratégia sustentada pela existência de seus diferenciais competitivos.

OS RECURSOS E AS FONTES DE DIFERENCIAL COMPETITIVO
Nos nossos cursos de Marketing para Engenheiros e Arquitetos o conceito de Diferencial Competitivo quase sempre causa certo impacto na maioria dos participantes. Isto se dá por conta de que, o senso comum aos profissionais é de que os seus diferenciais competitivos são a qualidade do serviço prestado, a criatividade, o bom senso, o cumprimento dos prazos.

Porém, a leitura do texto até aqui já deixou claro que essas coisas não são diferenciais competitivos, pois não constituem recursos valiosos, nem raros, nem imperfeitamente imitáveis nem possuem as outras características de recursos que permitam conceber ou implementar estratégias que levam à Vantagem Competitiva.

Na minha pesquisa para a Dissertação do Mestrado foram feitas entrevistas com dirigentes e funcionários das empresas pesquisadas e coletados documentos e relatórios públicos sobre o tema. Os dados foram submetidos à categorização simples como apoio de um sistema de informação próprio (software desenvolvido por mim) e foram interpretados à luz de um framework teórico derivado da RBV. Daí resultou uma lista com cinco recursos considerados essenciais e que, por sua vez são resultantes da combinação de recursos da empresa e de outras características como sua trajetória e tipo de produto. Estes são os recursos:

ESTRUTURA DA EMPRESA (resultante da combinação de Instalações, Localização, Equipamentos, Organograma e Registro formal da empresa);

Localização: Endereço fácil de ser encontrado, em ruas ou avenidas conhecidas ou em centros comerciais de fácil acesso;

Estacionamento: disponível, gratuito e seguro.

Instalações: amplas, confortáveis e funcionais. (na contramão do diferencial competitivo, não ter um escritório é um grande pontofraco da empresa)

Equipamentos: Computadores, automóveis, instrumentos de medição, etc podem constituir recursos com potencial de produzir vantagem competitiva se forem raros e sua utilização for idiossincrática.

Registro Formal: empresa legalizada, com capacidade de emitir nota fiscal e, portanto, ser fornecedora de pessoas jurídicas e governos;

Recursos tecnológicos de apresentação do trabalho: (plotagem, maquete eletrônica, simulações 3D) somente constituem diferencial Competitivo se dependerem de software consideravelmente caro ou que exigem um treinamento muito especial para serem utilizados (e, portanto, razoavelmente inacessíveis aos concorrentes).

IMAGEM (resultante da combinação de Imagem pessoal do profissional, Reputação, Credibilidade, Capacidade de cumprir os prazos, Capacidade de administrar o tempo, Acessibilidade/Disponibilidade)

Cumprimento de Prazos: a pontualidade no cumprimento dos prazos somente constitui Diferencial competitivo quando existem garantias contratuais oferecidas ao cliente

Disponibilidade para pronto Atendimento: em lugares em que a maioria dos concorrentes não tem o seu escritório como principal fonte de renda (trabalham em empregos fixos) a sua disponibilidade para atendimento em tempo integral pode constituir um ponto forte e diferencial competitivo.

CAPACIDADE DE PRODUÇÃO (resultante da combinação de Equipe de trabalho, Experiência Individual dos Funcionários)

Equipe de Trabalho: uma equipe de trabalho (secretárias, assistentes, estagiários e outros profissionais) bem selecionada e bem treinada é um grande diferencial competitivo pois caracteriza-se perfeitamente como tal: o concorrente não consegue imitar.
(Embora o simples fato de ter uma secretária não constitua ponto forte de um escritório de Engenharia/Arquitetura, a recíproca (não ter uma secretária) constitui um ponto fraco da empresa que pode ser explorado pelos concorrentes).

Sistema Operacional exclusivo: a capacidade de organização e a disciplina interna da empresa, combinados, podem produzir um sistema de organização do processo produtivo com o potencial de reduzir a variabilidade (uma das características da prestação de serviços), garantir os custos básicos de cada operação, além de proporcionar aos clientes serviços com um padrão de qualidade desejável.
Um Manual Interno de Procedimentos rico, detalhado e contendo todos os algoritmos que descrevem a realização das principais tarefas do escritório é, sem dúvida, um instrumento capaz de produzir Vantagem competitiva Sustentável.

Produto Ampliado: disponibilizar maior quantidade de soluções para o cliente (gerenciando ou subcontratando profissionais e serviços) pode representar diferencial competitivo em mercados em que os clientes desejem o chamado "pacote completo".
Uma coisa importante no chamado "produto ampliado" é a assessoria burocrática ao cliente, cuidando de todo o trâmite dos documentos nos órgãos públicos e fiscalizadores

PREPARO TÉCNICO E EMPRESARIAL (resultante da combinação de Preparo empresarial do empreendedor, Espírito empreendedor, Pensamento cartesiano, Preparo formal, Capacidade de gestão financeira, Experiência administrativa);

Reputação Positiva: trata-se de um recurso construído a partir da sucessiva participação em trabalhos de uma determinada área, com aproveitamento das oportunidades não apenas para apresentar desempenho superior, mas também para desenvolver conhecimento técnico e competência superior, tornando-se cada vez melhor. A reputação positiva é um diferencial competitivo por ser valiosa, rara e idiossincrática, uma vez que possui path dependence, isto é, depende da trajetória única de cada empresa.

Cursos de Especialização: os cursos de especialização são a forma de diferenciar profissionais de nível superior, uma vez que a graduação iguala todos os concorrentes no mercado.

Inglês Fluente: O domínio de um idioma estrangeiro é um diferencial competitivo porque permite ao profissional ter acesso à literatura estrangeira e saber (antes dos concorrentes e sem os filtros naturais da tradução) as novidades tecnológicas.
Um exemplo disso foi o engenheiro Emílio Baungarten, que, por ser descendente de imigrantes, dominava o idioma alemão. Com isto teve acesso (antes dos outros) aos livros sobre a então nascente tecnologia (alemã) de Concreto Armado (início do século XX). Ele veio a tornarse o Pai do Concreto Armado no Brasil e muitos autores atribuem este fato ao seu conhecimento e domínio do idioma alemão.

Domínio da Matemática (para arquitetos): o domínio da matemática superior (Cálculo, Álgebra Linear, Geometria Analítica, Números complexos) permite ao arquiteto atuar em áreas nobres da arquitetura, como a luminotécnica e a acústica, resultando em projetos com "algo a mais" do que simples "criatividade e bom gosto"
Em Brasília (na Catedral e no Quartel General do Exercito Brasileiro) Temos dois bons exemplos de uso de acústica (num nível superior, sustentado por cálculos matemáticos) a serviço da boa arquitetura.

Fluência Verbal: O domínio do idioma, a riqueza do vocabulário e a capacidade de argumentação são fatores que ampliam a capacidade de dar visibilidade aos outros diferenciais competitivos e, em última análise, melhoram a capacidade de negociar e vender os produtos.

Participação Destacada em Entidades de Classe: a participação do profissional no funcionamento da sua entidade de classe (Associação, Sindicato, Conselho) é muito bem vista e percebida pelo mercado como um indicador de competência e respeitabilidade.

Habilidades Profissionais Nobres: desenhar muito bem à mão livre (arquitetos) ou fazer cálculos matemáticos elaborados (engenheiros) produzem efeitos muito especiais na percepção dos clientes quando realizado "ao vivo" durante uma conversa normal.
No caso de arquitetos, é interessante também apresentar os trabalhos utilizando recursos não eletrônicos (por exemplo, maquetes e pinturas à mão).

Domínio de Linguagem de programação de computadores: permite implementar sistemas operacionais dedicados e sistematizar processos produtivos que podem produzir vantagens competitivas.

REDE DE RELACIONAMENTOS (resultante da combinação de Capacidade de Comunicação, Capacidade de relacionamento pessoal, Capacidade de lidar com a interdisciplinaridade, Capacidade de comunicação não-verbal);

Parcerias: parceiros podem representar diferenciais competitivos se forem reconhecidos pelo mercado como relevantes e forem exclusivos.

Fornecedores: da mesma forma que parceiros, os fornecedores podem representar diferenciais competitivos se forem reconhecidos pelo mercado como relevantes e forem exclusivos.

CONCLUSÕES
Não basta a um engenheiro ter conhecimentos de Engenharia, ser rápido nos cálculos ou criativo nas soluções. Não basta ter um bom software ou bons equipamentos técnicos

Não basta a um arquiteto ter criatividade, originalidade, estilo próprio ou autoconfiança. Não é suficiente apresentar os projetos em maquete eletrônica ou outros recursos tecnológicos.

Essas características, habilidades ou instrumentos não constituem diferenciais competitivos justamente porque não são “raros”, não são “idiossincráticos” e não permitem ao profissional “conceber e implementar estratégias mercadológicas que levem à vantagem competitiva”. E muito menos ainda a tão desejada “Vantagem Competitiva Sustentável”.

Em outras palavras, acreditar que o melhor marketing é um trabalho bem feito ou que a qualidade do serviço é a única coisa que importa (como fazem muitos profissionais) é um conceito que precisa ser revisto.

Engenheiros e arquitetos que estejam interessados em obter Vantagem Competitiva Sustentável devem buscar a posse ou o controle dos recursos analisados neste artigo (e outros que por ventura tenham escapado a esta análise).

E, mais importante: conceber estratégias que combinem esses recursos de forma única (idiossincrática) para produzir efeitos (resultados) que não podem ser reproduzidos pela concorrência.





PADILHA, Ênio. 2010




REFERÊNCIAS:



1) PORTER, Michael. Industrial Organization and the evolution of concepts for strategic planning. In: Manegerial and Decision Economics. 1983. v.4, n.3. ABI/INFORM Global. p.172. 1983.



2) PORTER, Michael. Estratégia Competitiva: Técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986, caps. 1, 2 e 7



3) PORTER, Michael. Vantagem Competitiva: Criando e sustentando um desempenho superior. 3ª edição. Rio de Janeiro, 1992.



4) PORTER, Michael. What is strategy? Harvard Business Review. Nov.-Dec., p. 61-78, 1996



5) BARNEY, J. Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Manegement v.7, n.1, p.99-120, 1991



6) PETERAF, Margareth. The cornestone of competitive advantage: a resource-based view. Strategic Management Journal. v.14, p.179-191, 1993



7) demais autores e obras consultadas foram identificados no corpo do texto





Leia também: UMA METÁFORA FUTEBOLÍSTICA
onde este mesmo tema é apresentado de forma ainda mais didática.



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O SEU ESCRITÓRIO TEM DIFERENCIAIS COMPETITIVOS?


Comentário #1 — 03/02/2010 11:50

edson lima — arquiteto — jaraguá do sul - sc

Prezado Ênio. Gostei muito deste artigo. A partir de sua leitura, já estou fazendo uso particular dos conceitos.
Muito bom mesmo.
Obrigado!
Forte abraço.
Edson Lima

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

Amigo Edson.
O escritório de vocês tem diferenciais competitivos importantes. Disto eu sei.
Tenho certeza de que, utilizando corretamente os conceitos da RBV (analisados no artigo) vocês só irão avançar mais ainda.
Grande abraço.

Comentário #2 — 03/02/2010 13:26

Brasilio — engenheiro — Votorantim

Enio
em primeiro lugar devo dar parabéns pela mudança de paradigma sobre o assunto.Mas, meu caro como obter isto sendo pequeno?

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

Brasílio
No caso dos escritórios de Engenharia e de Arquitetura, praticamente em 99% dos casos estamos falando de uma "empresa pequena".
Portanto, ser pequeno não é significativo neste caso. É preciso ter diferenciais competitivos assim mesmo. E nem é tão complicado assim.
É só olhar aí no artigo. Quais são as coisas que não estão ao alcance de um pequeno escritório de Engenharia ou de Arquitetura?

Comentário #3 — 03/02/2010 17:57

José Luiz Costa — Engenheiro Civil — Uíge - Angola

Caro e Prezado Ênio, saudações angolanas! Olha este artigo é para ser guardado e lido periodicamente por todos nós Profissionais.O mesmo foi de sacudir, a nossa Turma. Mandou bem.
Tamos juntos !!!

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

Valeu, João Luiz
Obrigado pela generosidade do comentário. E, como se diz aí em Angola, "Tamos Juntos!"

Comentário #4 — 05/02/2010 13:33

Decarter Gaspodini — engenheiro civil — São Miguel do Oeste

Caro engenheiro Enio. Em resposta ao colega Brasilio, creio que nós pequenos possuimos uma grande vantagem, a agilidade. As tomadas de decisão são geralmente rápidas e uma vez que se tenha todos os processos organizados, a manutenção e o aprimoramento dos mesmos é acima de tudo natural e prazerosa.

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

Corretíssimo, Decarter. Mandou bem.

Comentário #5 — 09/10/2012 15:00

Ligia Fascioni — Engenheira Eletricista — Berlim, Alemanha

Oi!

Puxa, que chato! Comentei hoje de manhã pelo celular (deu o maior trabalho) e agora vi que ele ignorou solenemente TUDO! Não apareceu nadinha.... :(

Bom, então vou escrever tudo de novo no Desktop e espero que dessa vez funcione: muitíssimo obrigada pela aula, mestre! Aliás, não é uma aula, é um curso inteiro!

Adorei saber de tudo isso. Nem tinha me dado conta de como a gente usa essa expressão sem saber exatamente o que ela significa.

Um beijão e parabéns pela excelência (e pelo diferencial competitivo e a vantagem competitiva, claro)!

PS: Só agora reparei que você linkou meu artigo sobre captchas aqui. LUXO!!!! Obrigadão mesmo, viu?

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

Lígia, querida
Este artigo foi uma tentativa de produzir um texto executivo para a minha Dissertação do Mestrado. E tem sido, desde que foi publicado, um dos artigos mais lidos no meu site (já tem quase 10 mil visitas. Impressionante!).
Eu tenho trabalhado muito esse conceito de Diferencial Competitivo / Vantagem Competitiva relacionados aos Recursos dos escritórios de Arquitetura/Engenharia. Mais que isso, à maneira como os escritórios conseguem combinar recursos valiosos para obter vantagem competitiva. Tem sido um desafio fascinante desenvolver esse estudo.
Se você souber qualquer coisa (artigos, livros, vídeos...) nessa área por favor, me avise.

Beijo grande. Obrigado pela presença constante aqui no site.

Comentário #6 — 11/04/2019 11:16

PAULO NORBERTO BRANDENBURG — Arquiteto e Urbanista — Salvador/Ba

Meu ilustríssimo guru Ênio Padilha!

Sou seguidor assíduo e fã incondicional de seu trabalho e de seu pensamento! Sem dúvidas é um dos melhores textos e análises sobre nossa atuação nas áreas da Arquitetura e Engenharia, uma luz no fim do túnel, nestes tempos nebulosos por que passa o país. Sem dúvidas, uma aula! Obrigado e parabéns!

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