SEUS PROBLEMA SE ACABARAM!

(Publicado em 16/08/2010)





Imagem: OitoNoveTrês



Roberto Caproni (dentista mineiro, que escreve excelentes livros sobre marketing para a área da saúde) diz, num dos seus artigos, que "a escola da vida é uma excelente escola. O problema é que as mensalidades são muito altas e paga-se primeiro para se aprender depois. Na imensa maioria das vezes aprende-se muito depois!". Noutro artigo ele diz que "O único problema da escola da vida é que ela mata todos os seus alunos no dia da formatura.".

Pois agora, "seus problema se acabaram!". O Governo do Brasil vai dar diploma da escola da vida. E os formandos não precisam morrer pra isso!

Foi notícia do fim-de-semana: trabalhadores que há muito tempo desempenham uma função, mas não têm diploma que comprove sua formação podem se inscrever no Programa Certific, a partir desta segunda-feira (16/08/2010). As inscrições vão até 10 de setembro. O Certific é uma parceria dos ministérios da Educação e do Trabalho e Emprego. Inicialmente, serão reconhecidos profissionais das áreas de música, pesca e aquicultura, turismo e hospitalidade, construção civil e eletroeletrônica (é aqui que nós entramos). Tanto as inscrições quanto a própria certificação e emissão de diplomas é gratuita. Os interessados devem procurar o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia mais próximo.

Eu não sei quanto a vocês, mas eu acho isso O FIM DA PICADA!!!
É a consagração da preguiça. Da busca pelo atalho. Será que o brasil não vai parar com isso nunca?
Já não basta permitir que um jovem de apenas 18 anos faça supletivo do ensino fundamental e médio.
Como é que nós queremos estimular nossos jovens (o maior patrimônio do país) a estudar se de vez em quando mostramos pra ele que esse sacrifício é bobagem. Que o mesmo resultado poderá ser obtido por um atalho qualquer?

Um curso técnico de Construção Civil ou de Eletrotétnica (no Brasil) geralmente é dado em boas escolas, com bons alunos e professores competentes e rigorosos. Não é fácil obter um desses diplomas. Muitos jovens entram nessas escolas e não conseguem ir em frente, por incapacidade, ou por falta de disposição e vontade (ou pura preguiça!). Alguns deles abandonam a escola e entram no mercado de trabalho. Vão "botar a mão na massa" e trabalhar na área.

O que o governo está dizendo agora é que essa pessoa, que não conseguiu ou não quis fazer o curso técnico poderá obter o mesmo diploma daqueles que ficaram lá por quatro anos, se preparando para serem profissionais mais qualificados e com conhecimentos teóricos sobre o assunto.
A coisa tá feia, amigos! Logo logo o governo vai dar diploma de médico para quem exerceu o curandeirismo por mais de 20 anos. E título de professor para quem tiver trabalhado por mais de 15 anos no setor de fotocópia de alguma universidade.





PADILHA, Ênio. 2010





Comentário #1 — 17/08/2010 09:36

José Luiz Costa — Engenheiro Civil — Uíge - Angola

Caro Ênio, sem querer "plagiar" o Jornalista B. Casoy, isto é UMA VERGONHA!!! Um verdadeiro desreipeito, coisa abobinável!!! Estamos regredindo. Só falta agora a "criação" de Conselhos Regionais/Federais,Sindicatos de Classes e Associações, para a turma do "Notório Saber da Vida"...Êh...Brasil...

Comentário #2 — 17/08/2010 12:37

José Roberto Scarpetta Alves — Engenheiro Civil — Florianópolis

Isso é realmente o fim da picada mesmo. Mas o que se esperar do ilustre comandante-mor se o próprio acha que educação é maquiagem, haja vista que ele chegou onde chegou \"sem faculdade\"? E, dessa forma, continuaremos a ser \"um pais em desenvolvimento\", enquanto leis (minúsculo mesmo) desse naipe continuarem a ser editadas. Tenho orgulho de dizer que estudei, e muito, para ter meus títulos e que todos os certificados e diplomas foram MERECIDOS a custa de bastante esforço. Um país se faz com educação, muita educação. Mas, talvez com a mudança de rumo a partir de janeiro, os governantes passem a pensar um pouco nisso também. A menos que o estrago já esteja feito e tenhamos mais alguns \"técnicos práticos\" no mercado concorrendo com os realmente capacitados.

Comentário #3 — 17/08/2010 16:24

Ricardo Boucinha — Arquiteto — São Paulo

Concordo plenamente com o exposto pelos colegas e complemento: atesta-se assim, com grande pesar, a mais uma \"vitória\" do jeitinho brasileiro, tão louvado pelos medíocres, definitivamente o eterno responsável pelo atraso deste país...

Comentário #4 — 17/08/2010 17:19

ENEAS CARAZZAI MARUSSI — Engenheiro Civil — Londrina-PR

Estimado professor Enio
Prestando atenção nos profissionais egressos de algumas faculdades de engenharia, que iniciam suas atividades profissionais e se comfrontam com trabalhadores que atuam na área a muitos anos, nota-se que realmente os diplomados deveriam ser aqueles que aprenderam na escola da vida. As escolas estão deixando muito a desejar quanto a formação de nossos jovens. Gostaria dever um artigo seu relatando o despreparo denosso jovens formandos.
Um grande abraço Enéas marussi - Engº.Civil formado pela UFPr em 1972

Comentário #5 — 17/08/2010 20:19

Sandra Damer — Eng.ª Civil — Porto Alegre

É realmente o fim da picada!! Dar diploma a quem sabe muito da vida e não sabe nem escrever direito! Isso acontece em 98% da mão de obra daqui da cidade onde trabalho, Rio Grande/RS. Brasileiro é realmente pre-gui-ço-so e está sempre encontrando um jeitinho de se dar bem!! Que revolta!!
2+1 = boa essa... hehe

Comentário #6 — 17/08/2010 20:25

Sandra Damer — Eng.ª Civil — Porto Alegre

Eu ralei muuuito para passar na UFRGS e julgo sim que \"muitos dos meus problema se acabaram\" ali. As melhores Escolas de Engenharia do Brasil são públicas, logo, de graça!

Comentário #7 — 18/08/2010 08:42

Edson Lima — Arquiteto — Jaraguá do Sul - SC

Esse é o espelho do país em que vivemos, de cultura medíocre, e da busca pelo caminho mais fácil. O exemplo maior está em Brasília, no Palácio do Planalto. Quanto à facilidade de se formar em curso superior, está tão fácil quanto comprar bananas.

Comentário #8 — 07/09/2010 03:46

João Luis de O. Collares Machado — Engenheiro Civil — Montenegro

É uma luta atras da outra! A pouco, no 7CNP em Cuiaba, conseguimos mostrar o grande equívoco que era a decisão plenária do CONFEA querer apoiar os TECNOLOGOS. Só falta agora o CONFEA querer apoiar tambem esta PL.

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