EMPRESÁRIO x FÉRIAS

(Publicado em 22/07/2011)



Estamos em julho. Daqui até o fim do ano é um pulinho. E fim-de-ano lembra férias, palavra que está riscada do dicionário de muitos empresários, especialmente na área de serviços.

O motivo é simples: se o dono da empresa não tiver presente a coisa não anda, o trabalho não se realiza, o produto sai com defeito ou fora do prazo, etc,etc,etc.

O pior de tudo é que tem “empresário” que se orgulha disso. Enche o peito pra falar “eu não posso tirar férias. Se eu ficar uma semana fora da firma, aquilo lá vai à falência...”

Eu tenho cá comigo uma tese: um dos indicadores da qualidade de um empresário é o tamanho de suas férias.

Afinal de contas, o que leva um cidadão (ou uma cidadã) a largar um emprego fixo, com carteira assinada, salário garantido, férias, décimo terceiro, e outras garantias para se aventurar na abertura de uma empresa? Me corrijam se eu estiver errado, mas em quase 100% dos casos, o motivo é querer ser dono do próprio nariz. Poder decidir sobre detalhes simples como horário de trabalho, tipo de cliente a ser atendido, tipo de subordinado que vai ter...

Por que então, depois de algum tempo (geralmente, não muito tempo) este cidadão virou escravo do “seu próprio negócio". Está atendendo determinados clientes “porque é obrigado”. Mantém certos funcionários “porque é obrigado”. Não consegue se ausentar uma semana da empresa porque senão a coisa toda se perde...

Por mais que não pareça. A resposta é óbvia: falta organização, falta sistema para a empresa. A empresa tem um chefe, mas não tem um líder. Tem um regulamento, mas não tem um sistema operacional. Tem ordens estabelecidas, mas não tem uma política de relacionamentos internos e externos.

Por isso as coisas só funcionam se o dono da empresa estiver presente para cercar os frangos. E todos nós sabemos uma verdade a respeito de empresas: se o chefe gasta todo o seu tempo cercando frangos, ele não tem tempo para construir o galinheiro. E, construir o galinheiro, que é estabelecer as normas e sistemas de funcionamento da empresa, é condição fundamental para que seja possível DELEGAR.

Delegar (palavrinha que já esteve na moda mas que não perdeu a importância), implica a existência de normas claras, procedimentos bem definidos, muita confiança na relação entre patrão e empregados e, fundamentalmente, uma cultura de independência e liberdade que precisa existir do primeiro ao último nível de uma empresa.

Quando o chefe se orgulha ou sente um certo prazer em que seus subordinados sejam dependentes das suas ordens e suas decisões, vai ser muito difícil que alguém na empresa supere essa barreira e consiga “tocar os negócios” por três ou quatros semanas, enquanto o patrão está de férias.

Mas, nesse caso, pra que férias? O patrão já está feliz o ano todo, curtindo a condição de indispensável, salvador da pátria...





PADILHA, Ênio. 2011






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