SAGA BRASILEIRA II (Nas livrarias em 2031)

(Publicado em 29/11/2011)



Exatamente um ano depois da publicação deste artigo o livro SAGA BRASILEIRA foi reconhecido com o PRÊMIO JABUTI o "Oscar" da literatura no Brasil. Se você não leu ainda, dê uma olhada no artigo abaixo. Quem sabe você se anima, passa numa livraria e tem a oportunidade de ler um dos melhores livros brasileiros dos últimos anos...



"Nunca o Brasil esteve tão perto de se tornar membro do grupo dos grandes. Mas não o será se continuar carregando indicadores educacionais de espantoso atraso, como uma bola de ferro acorrentada aos seus pés"

A frase está na página 438 do livro SAGA BRASILEIRA - A longa luta de um povo por sua moeda da jornalista Miriam Leitão.
Acabei de ler. Um dos melhores livros de história que li nos últimos anos. E olha que livros de história são os meus preferidos e, portanto, são os que eu mais leio.

Miriam Leitão abraçou a dificílima tarefa de levantar uma história cujos personagens somos todos nós, os brasileiros. A história da luta contra a inflação e a busca incansável pela estabilização da moeda. Ou, antes, por uma moeda que fosse digna desse nome.

O relato começa no início dos anos 1980, no final do Regime Militar. Na verdade há um capítulo com uma introdução contando rapidamente como foi a relação do Brasil com a sua moeda desde a chegada de Dom João VI até o fim da Ditadura. Mas os detalhes interessantes começam a fazer parte do livro somente a partir do início dos anos 1980. Ela conta como a inflação era criada, à partir de decisões ou omissões do governo ou da ação de aproveitadores.

Conta como foram planejados e implementados cada um dos (muitos) Planos Econômicos que, entre 1986 e 1994 eram parte do cotidiano da sociedade. Ilustra cada um desses relatos com depoimentos de pessoas comuns, cidadãs e cidadãos brasileiros que estudavam, trabalhavam, casavam, criavam seus filhos, procuravam emprego, abriam suas empresas, perdiam seus empregos, viam suas empresas definhar, viam-se impedidos de dar aos seus filhos o que sonhavam... e se culpavam. Acreditando que era deles a culpa. Que eles estavam fazendo alguma coisa errada.

O Plano Cruzado (Sarney) iniciou a série. Depois veio o Cruzado II. Seguiu-se o Plano Bresser depois o Plano Verão, o Plano Collor e o Plano Collor II e só então tivemos o Plano Real que, finalmente, debelou a Inflação. Mas a história estava longe de ter fim. Ainda havia um longo caminho que incluia dois mandatos presidenciais: Fernando Henrique e Lula.

O momento mais sombrio dessa história foi, sem dúvida, o confisco promovido pelo Plano Collor, engendrado na mente tresloucada e irresponsável da ex-ministra Zélia Cardoso de Mello. Em todos os outros planos econômicos a população conseguiu se adaptar e encontrar soluções para os seus problemas particulares. O Plano Collor, pela violência com que interrompeu projetos e sonhos pessoais, levou muitos brasileiros à falência pessoal, à morte prematura e até mesmo ao suicídio. Algumas dessas histórias são contadas no livro.

Quem não viveu aqueles tempos precisa ler o livro, para entender como era o Brasil e tomar o cuidado de não permitir que esses problemas se repitam. Quem passou por aquilo tudo poderá entender melhor o que se passou, fazendo uma análise distante dos fatos e dos dramas individuais que tenha enfrentado. De qualquer forma, trata-se de uma leitura indispensável.

O leitor deve estar perguntando por que, num livro da história da luta contra a inflação, eu tirei exatamente a frase que inicia este artigo, se ela nem mesmo fala de moeda, inflação ou planos econômicos. Já explico: é que Miriam Leitão faz questão de repetir inúmeras vezes ao longo do livro (e nas entrevistas que concedeu durante a divulgação do trabalho) que o combate à inflação e a luta pela conquista de uma moeda forte foi uma vitória não deste ou daquele governo e sim da vontade e disposição do povo brasileiro. E aí, no final do livro, dedica um dos capítulos para falar justamente deste flagelo nacional que ainda é, hoje, nossa educação.

Não sei não... mas me pareceu que ela está sendo otimista. Está preparando terreno para lançar, em 2031 o livro "SAGA BRASILEIRA II - A longa luta de um povo pela excelência em educação"
Tomara que esse livro possa mesmo ser escrito!





PADILHA, Ênio. 2015





Comentário #1 — 30/11/2011 08:35

Ênio Padilha — Engenheiro — Balneário camboriú - SC

A autora, Miriam Leitão, teve a delicadeza de escrever no seu Twitter

Escrevi de volta
A leitura deste livro trouxe, pra mim, um certo alívio. Foi como se eu estivesse descobrindo agora, vinte anos depois, que a culpa não era minha. Na época (entre 1986 e 1994) eu era um engenheiro recém-formado, recém-casado, recém-pai de duas filhas... tudo era muito novo pra mim.
Os sucessivos fracassos e perdas derrubaram minha autoestima e me fizeram perder a autoconfiança.

Nunca havia entendido direito porque, depois daqueles dez anos de horror minha vida mudou tanto (e pra melhor). Achei que "eu tinha melhorado muito".
Não melhorei tanto. Apenas o Brasil ficou melhor e permitiu que milhares de brasileiros, como eu, pudessem ter seus projetos e sonhos realizados.

Obrigado, Miriam Leitão, por haver esclarecido isso. Obrigado, povo brasileiro, por nunca ter desistido dessa luta contra a inflação e pela moeda forte. Infelizmente alguns de nós não chegaram ao fim da luta. Morreram no caminho, por desgosto, vergonha ou por miséria mesmo.
A hiperinflação e os planos econômicos fracassados foram a nossa Peste Negra.

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