CRENÇAS, VALORES, PRINCÍPIOS E AS SOCIEDADES ENTRE PROFISSIONAIS
(Publicado em 25/04/2012)
Você já deve ter ouvido (ou mesmo dito) coisas assim: "Eu voto em Fulano de Tal porque ele é uma pessoa de princípios!"; "Eu seria incapaz de cometer essa ou aquela desonestidade. Eu tenho princípios!"
Da maneira como falamos, muitas vezes, alimentamos a falsa crença de que ter princípios é uma coisa própria de pessoas boas, honestas e bem intencionadas.
Não é bem assim.
Ter princípios não é privilégio (ou virtude) apenas de pessoas boas, honestas ou bem intencionadas
Nada impede um bandido, um traficante ou um político corrupto de ter princípios? E eles geralmente os têm. Muitas vezes, de forma até mais clara do que a maioria das outras pessoas.
Porque Princípios são definições prescritivas. São ditames morais. São regras pessoais. Leis de caráter individual. Preceitos.
Em palavras simples, Princípios são REGRAS que uma pessoa estabelece para si mesma e para os que lhe são subordinados ou liderados. São decisões que servem de base para o comportamento do indivíduo. Definem como a pessoa vai agir ou reagir diante de determinadas circunstâncias. É uma predisposição a fazer as coisas de uma determinada maneira, encarar de determinada forma ou assumir uma determinada atitude diante de determinadas situações.
Princípios sempre se manifestam em circunstâncias específicas, ou seja: um princípio se manifesta quando o indivíduo é posto à prova.
Os princípios de uma pessoa, geralmente, são conseqüência do conjunto das suas crenças e dos seus valores.
Todos temos nossas crenças e valores. Mas nem sempre nos damos conta disso (nem sempre nossas crenças e valores estão no nível consciente).
Crença é uma convicção profunda e sem justificativas racionais. É uma disposição meramente subjetiva para considerar algo certo ou verdadeiro por razões meramente subjetivas. Uma crença não é (não precisa ser) racionalmente comprovada. Logo pode não ser fidedigna à realidade e representa o elemento subjetivo do conhecimento.
Crença pode ser entendido como sinônimo de fé!
Já os Valores são as medidas variáveis de importância que se atribui a alguma coisa. Nossos valores representam as qualidade (de natureza física, intelectual ou moral) que nos despertam admiração ou respeito.
São as coisas que usamos como critérios para avaliarmos nossas ações (e as ações dos outros) como boas ou ruins
As pessoas organizam (arranjam) seus valores em camadas, de forma hierárquicas. Muitas vezes fazem isto de forma inconsciente.
A sua escala de valores responde a importante pergunta: "o que é mais importante para mim em relação à vida? Quais são as conquistas que valem a pena?"
Abaixo há uma lista de valores, dispostos em ordem alfabética. Para ter uma idéia sobre qual é a sua escala de valores, atribua um valor DIFERENTE (entre 0 e 100) para cada um dos itens.
(__) Aparência física
(__) Ascenção na carreira profissional
(__) Atividades de distração e recreação (jogos, festas)
(__) Autoridade Hierárquica
(__) Autoridade Moral
(__) Aventura
(__) Competição esportiva
(__) Competição intelectual
(__) Convivência com a família
(__) Ética (não fazer aos outros o que não quero que façam a mim)
(__) Ganho financeiro
(__) Lealdade (aos amigos, aos colegas)
(__) Obtenção de Conhecimentos
(__) Patrimônio físico/financeiro (imóveis, bens, posses)
(__) Popularidade ou Fama
(__) Privacidade
(__) Reconhecimento (dos pares)
(__) Saúde da família
(__) Saúde física
(__) Saúde mental
(__) Segurança financeira da família
(__) Segurança no trabalho
(__) Sexo
(__) Tranquilidade (paz)
A sua escala de valores cria a vida que você vive. Geralmente este roteiro foi montado por seus pais, professores, pela TV e pela sociedade em geral (quando você era uma criança)
Fazer mudanças na sua escala de valores requer um esforço persistente e, freqüentemente, muita coragem.
A APLICAÇÃO PRÁTICA DESSES DITAMES FILOSÓFICOS
Uma carreira profissional e mesmo a constituição de uma organização profissional se sustenta em Princípios, que são decorrentes das Crenças e Valores. Mesmo os profissionais que nunca se preocuparam em pensar sobre o assunto, possuem suas crenças e valores. E delas decorrem seus princípios que estão sempre norteando seus comportamentos pessoais, profissionais e empresariais.
Por isto considero importantíssimo que os profissionais tragam esta questão para o nível consciente. Que tentem racionalizar sobre esta questão e tenham melhor domínio sobre essas coisas. Isto é particularmente importante quando organizações profissionais são constituídas sob a forma de sociedade, o que é muito comum na Arquitetura e na Engenharia.
É preciso que os sócios se perguntem: "no que acreditamos?" "O que valorizamos? o que consideramos importante?" e, finalmente possam ter claro "quais são os nossos princípios? como fazemos as coisas? como agimos e reagimos em determinadas circunstâncias?"
A principal aplicação prática do conhecimento das crenças, valores e princípios numa sociedade entre profissionais é justamente evitar que ela seja feita entre pessoas com crenças e escalas de valores distintas, pois isso seria um importante obstáculo para o estabelecimento de PRINCÍPIOS harmoniosos para a empresa.
PADILHA, Ênio. 2012
|