QUAL É A SUA DESCULPA?

(Publicado em 16/01/2013)





Imagem: Pixabay



Nos meus cursos para Arquitetos e Engenheiros, falar de atrasos ou de não cumprimento de prazos é sempre um momento de tensão. É compreensível: a imensa maioria dos colegas não conclui seus trabalhos no prazo combinado com o cliente e, muitas vezes, chegam atrasados para as reuniões, para visitas a obras ou para outros compromissos profissionais.

Falar de atrasos é como falar em corda na casa de enforcado. Ainda mais com a abordagem que eu costumo dar para o tema. Sou curto e grosso: atrasos são inadmissíveis. E, se você chegar atrasado ou não cumprir um prazo a culpa é sua. Ponto Final.

Aí começa a choradeira. "Ah, mas o senhor não conhece o trânsito aqui em Tangaré do Sul, a gente leva 50 minutos pra andar dois quilômetros!"
Justamente. Eu não conheço as dificuldades do trânsito na sua cidade. Mas você conhece. Ou deveria conhecer. Isso também é seu trabalho. Se você sabe que existe uma boa possibilidade de o trânsito estar lento, deve sair mais cedo de casa ou do seu escritório. E não, simplesmente, chegar atrasado e depois dizer que a culpa foi do trânsito.

"Ah, mas às vezes não é a gente que atrasa. Tem trabalho que depende de outros fornecedores. Se eles atrasam a gente acaba atrasando também."
Vou repetir: você tem a obrigação de conhecer as idiossincrasias do seu mercado e ser capaz de fazer previsões profissionais. Se um determinado fornecedor costuma atrasar ou pode vir a atrasar a entrega dele, cabe a você escolher outro ou fazer contratos mais detalhados com cláusulas de punição pelos atrasos. E não simplesmente repassar o problema para o seu cliente.

"Mas se o atraso for causado por um fornecedor que foi contratado pelo próprio cliente..."
Presta atenção, colega! Se você aceitou um contrato em que não tem controle sobre o seu próprio processo produtivo você foi incompetente. E essa resposta já vale para o "ah, mas muitas vezes o próprio cliente é que atrasa o trabalho pois demora demais para decidir ou dar respostas..."

Tudo isso é coisa que pode muito bem ser prevista e incluída no contrato (e, antes disso, na Proposta Comercial). Muitos profissionais escrevem lá no orçamento do serviço, "prazo de entrega: 50 dias após a contratação do serviço". Como assim? Se o cumprimento desse prazo depende de respostas que o cliente tem de dar, de decisões que o cliente precisa tomar, da entrega de outros produtos de outros fornecedores... Prometer que vai cumprir esse prazo de 50 dias é uma irresponsabilidade! Tá pedindo pra se incomodar!

O correto, nesses casos é escrever "prazo de entrega: 50 dias após a aprovação do estudo preliminar" ou "30 dias após a entrega do equipamento x" ou "40 dias após o recebimento das informações x, y e z" ou ainda, "25 dias úteis, descontados os dias de chuva".

Enfim, a sua proposta comercial (a sua promessa de prestação de serviços) deve incluir a previsão de todas aquelas coisas que poderão produzir algum impacto na qualidade do serviço ou no prazo de entrega. E você não pode pressupor que o cliente sabe dessas coisas. É você quem tem a obrigação de saber disso. Não ele.

A cultura da pontualidade e cumprimento de prazos separa os países ricos dos países pobres. E também separa profissionais bem sucedidos de profissionais maisomenos. Você pode ficar brigando com essa realidade ou começar já a sistematizar seus processos produtivos em busca do atraso zero.

Taí um bom projeto (uma boa estratégia) para a diferenciação competitiva do seu escritório.





PADILHA, Ênio. 2013





Comentário #1 — 01/01/2014 10:20

MARGARETE MARIA JOSE DE OLIVEIRA — Instrutora — Goiania

Ênio, bom dia e feliz ano novo.

Artigo postado há um ano e atualíssimo, um puxão de orelha bem esclarecedor, com boa dica no final. Gosto de seus artigos, inclusive inicio e termino meus treinamentos com uma frase retirada de um deles.

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

Em contato, por e-mail com a leitora Margarete Maria José fui informado sobre a frase que ela utiliza nos seus treinamentos: dá uma olhada

Comentário #2 — 25/04/2016 09:43

Cristi Worn Camargo Watari — Arquiteto — Luanda

Estava lendo agora mesmo essa matéria e fui tomado pela sensação de ter levado um puxão de orelhas mesmo. O professor tem razão, os atrasos são exclusivamente culpa só nossa. Não adianta reclamar, aws decisões somos nós que tomamos e por conseguinte se vc não sabe calcular tempo, prever riscos, então é melhor aprender isso o mais depressa possivel para sair do trilho.
Professor Enio, Obrigado pela dica!

Comentário #3 — 26/04/2016 04:52

Ligia Fascioni — Engenheira eletricista — Berlim

Muito bom. A eterna cultura de culpar outros pela própria falta de planejamento.

DEIXE AQUI O SEU COMENTÁRIO

(todos os campos abaixo são obrigatórios

Nome:
E-mail:
Profissão:
Cidade-UF:
Comentário:
Chave: -- Digite o número 7673 na caixa ao lado.

www.eniopadilha.com.br - website do engenheiro e professor Ênio Padilha - versão 7.00 [2020]

powered by OitoNoveTrês Produções

25/04/2024 19:02:51     6198432

15