
NELSON MANDELA É O CARA! (o cara que os Líderes da Arquitetura e da Engenharia deveriam conhecer e seguir)
(Publicado em 18/07/2013)

Se você não sabe quem é Nelson Mandela posso afirmar uma coisa: você está prestando atenção nas pessoas erradas.
Nelson Mandela é o cara!
Líder Sul-Africano, Prêmio Nobel da Paz em 1993 e eleito presidente da África do Sul em 1994. Só isso, por enquanto.
Em 1996, quando ele ainda era presidente, publicou sua autobiografia, na qual contou com a colaboração de Ahmed Kathrada (seu companheiro de prisão) e Richard Stengel (editor e escritor). Naquele livro, por razões óbvias, as palavras tinham de ser medidas e nem tudo podia ser dito sem o risco de comprometer as estratégias de um governo ainda frágil e incipiente.
Em 2010, já \"livre\" do cargo de Presidente, lançou outro livro, \"Conversas que Tive Comigo\" (com prefácio de Barack Obama).
Neste livro a coisa é diferente. Ele foi concebido com o objetivo de dar aos leitores acesso ao Nelson Mandela por trás da figura pública, a partir do seu arquivo pessoal, composto de escritos e registros de conversas privadas com seus melhores amigos. O resultado são 415 páginas de luzes sobre um personagem do qual muitos conheciam as atitudes e ações mas poucos conheciam as motivações.
Fascinante!
O que Mandela tem de tão especial? Por que ele é tão amado, respeitado, reverenciado por tanta gente no mundo inteiro?
É que ele conseguiu, numa situação de extrema dificuldade, dar forma concreta à belíssima frase do pensador francês Jean-Paul Sartre: "Não importa o que fizeram de mim, o que importa é o que eu faço com o que fizeram de mim".
O conceito é gigantesco, mas os casos em que ele foi aplicado na prática são muito raros.
Mandela era um advogado, militante e líder de causas sociais e combatente do Apartheid, regime de segregação racial adotado pelos governos da Africa do Sul de 1948 a 1994.
Ele foi preso, em 1962 e mantido preso por 27 anos (sendo que mais de metade desse período em condições desumanas, sofrendo todo tipo de humilhações, restrições físicas e psicológicas).
Ele enfrentou esses duros anos com paciência e sabedoria, sem ter abandonado, em momento algum, suas convicções ou cedido a pressões ou acordos que não garantissem a chegada ao futuro desejado: o fim do Apartheid.
Vencida a luta, extinto o Apartheid, Mandela foi eleito Presidente da África do Sul. Estava agora em posição de dar o troco. Vingar-se de tudo e de todos os que haviam roubado 27 anos da sua juventude. O revide estava servido e Mandela tinha os meios, a força e as justificativas para devolver aos seus opressores todo o sofrimento que lhe fora imposto por quase três décadas...
O que ele fez então é justamente o que o torna grande: ele liderou uma inimaginável transição pacífica na África do Sul. Conteve, com sua ascendência moral, os companheiros belicosos que queriam simplesmente inverter os papéis e impingir aos antigos opressores o gosto da submissão.
Numa região (num continente) em que a maioria dos países vive em constante gerra civil, Mandela garantiu à África do Sul uma caminhada firme em direção ao progresso de TODOS e não apenas dos que estão no poder. Baseado em princípios sólidos e noção clara de que o objetivo não pode ser trocado por pequenas vitórias efêmeras, ele venceu as próprias vaidades e fez da sua vida um grande exemplo de dignidade valor.
O livro de Mandela deveria ser lido por Engenheiros e Arquitetos que estão em posição de liderar seus companheiros nos Creas, no Confea, no Cau e no IAB e nas dezenas de Entidades de Classe de Engenharia, de Arquitetura e de Agronomia.
Os colegas deveriam aprender com Mandela, por exemplo, que \"fazer concessões é a arte da liderança e as concessões são feitas ao seu adversário, não ao seu amigo\" (página 375); e que \"É bom presumir que os outros sejam pessoas íntegras e honradas, porque você tende a atrair integridade e honra se olhar dessa forma para as pessoas com que trabalha.\" (página 249)
Mais importante: deveriam ler os Princípios Fundamentais que deveriam motivar todo líder (página 375)
a) Existem bons homens e mulheres em todas as comunidades. O dever de um verdadeiro líder é identificar estes bons homens e mulheres e atribuir-lhes tarefas que sirvam à comunidade;
b) Um verdadeiro líder deve trabalhar arduamente para diminuir as tensões, especialmente quando está liderando com questões delicadas e complicadas. Extremistas normalmente vicejam quando há tensão, e a emoção pura tende a sobrepujar o pensamento racional;
c) Um verdadeiro líder usa todas as questões, por mais sérias e delicadas que sejam, para assegurar que, ao fim do debate, emerjamos mais fortes e mais unidos do que antes;
d) Em toda disputa, finalmente se chega a um ponto em que nenhuma das partes está totalmente certa ou totalmente errada. Em que fazer concessões é a única alternativa para aqueles que desejam seriamente a paz e a estabilidade.
Que tal?

PADILHA, Ênio. 2013

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