CREA, CONFEA E CAU PODEM
COLOCAR AS BARBAS DE MOLHO


VALE A PENA LER DE NOVO
(Publicado em 27/06/2013)




Em 1984 o Brasil foi varrido por uma onda de manifestações populares. Era o movimento pelas \"Diretas Já\" exigindo eleições diretas para Presidente da República. O movimento, como se sabe, fracassou. A emenda Dante de Oliveira que estabeleceria eleições diretas no Brasil foi votada pelo Congresso Nacional em abril de 1984 e foi derrotada de maneira brutal: 298 votos a favor; 65 contra; 3 abstenções e 113 ausências ao plenário (eram necessários 320 votos). As eleições diretas só ocorreram quase seis anos depois, em 1989.

Mas a febre das Eleições Diretas caiu no gosto do Brasil e mudou definitivamente a maneira de se escolher os dirigentes de todos os níveis: da presidência da República ao síndico do prédio, passando pelas entidades de classe e os conselhos profissionais.

Sim, meus queridos leitores de 25, 30 ou 40 anos: os presidentes do Crea e do Confea eram escolhidos em eleições indiretas (acertos de gabinetes), até o fim dos anos 1980.

Corta para 2013: o povo está nas ruas com um movimento de indignação geral jamais visto. No início, alguns quiseram se fazer de sonsos e diziam que o movimento não tinha foco e que não se sabia o que o povo queria. Depois tiveram de admitir que a coisa estava muito clara. O protesto é contra todas as frustrações acumuladas. Contra todas as coisas que nunca aconteceram. Contra o fato de nunca ter sido dado aos brasileiros o direito à dignidade de cidadão de primeira classe (reservada apenas a uma casta de escolhidos pelo sistema):



• A frustração de ver Renan Calheiros presidindo o Senado, contra a vontade do povo;



• o Feliciano presidindo a Comissão de Direitos Humanos, contra a vontade do povo;



• os mensaleiros condenados continuarem livres e, mais do que isso, assumindo cargos em comissões importantes do Congresso Nacional e, de lá, ameaçando os poderes de quem os condenou;



• o uso de dinheiro público na construção dos estádios da Copa do Mundo (e os custos desses estádios assumirem valores astronômicos, especialmente o Estádio Nacional de Brasília, o Maracanã e o estádio \"presentão\" do Corinthians)



• o aumento exponencial da Violência Urbana



• o retorno iminente da inflação



• a carga estorsiva de impostos sem nenhuma contrapartida;



• professores com salários indecentes e condições de trabalho indignas (enfrentando agora a violência nas escolas).



• a saúde pela hora da morte



• estradas ruins, pedágios estorsivos



• partidos políticos (todos) viciados e inúteis. Políticos de costas para o que desejam seus eleitores



Enfim, o povo quer fazer parte. Não quer mais ser usado como massa de manobra (por aqueles que buscam o poder) e depois descartado como bagaço até que novas eleições sejam marcadas.

Em 1984 o povo queria ter voto. Agora quer ter voz e vez.

E, assim como aconteceu na década de 1980, essa onda agora vai se espalhar muito além da esfera do governo federal, dos estados e dos municípios. Vai chegar a cada condomínio, cada APP de escola, cada entidade de classe... e vai bater às portas dos nossos Creas, do Confea e do CAU. Porque qualquer semelhança entre uma coisa e outra não é mera coincidência.

Portanto, pode esperar, que cedo ou tarde o eco das ruas vai chegar nos gabinetes e nas plenárias



ÊNIO PADILHA
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Comentário #1 — 30/06/2013 20:23

ISMAR JACINTHO JUNIOR — arquiteto — franca

Parabens pelo comentário. Com eleições diretas vamos ver menos conchavos em nossos conselhos. Não precisamos de conselheiros votando para nós

Comentário #2 — 01/07/2013 11:18

Luiz Gilmar Mazari — cidadão — Londrina

Espero que essa onda atinja mesmo todos os níveis de órgãos que deveriam nos representar e, ao contrário, nos esfolam.
Quando será aberta a "caixa-preta" do CREA? Vivemos anos seguidos de amplo crescimento da construção civil e, além das anuidades, os profissionais desta área pagam taxa, também, por cada m² de área de projeto e por construção da obra. É dinheiro que não acaba mais. Pra onde vai esse volume todo de recursos? Em Londrina temos uma péssima sede do CREA, a quantidade de cursos e pesquisas que pudessem contribuir com o bom desenvolvimento da construção civil é quase zero e, quando precisam de um auditório para receber algum palestrante, é necessário "emprestar" do CEAL, da PUC, etc.
A segunda cidade do Estado, que arrecada muito dinheiro não tem a contrapartida destes recursos.
Quem e como está usando esse dinheiro??!!!!

Comentário #3 — 03/07/2013 16:33

Ana Cristina Cancherini Brandt — Engenheira civil — Blumenau

Parabéns pelo comentário, professor. Mais uma vez mostrou coerência em sua opinião.
Meu receio está nas interpretações dos políticos e nas manobras daqueles que estão no poder e que lá querem permanecer. Acho que farão de tudo para tirar proveito em benefício próprio a partir da indignação do povo.
Certamente nossa luta apenas começou. Temos muito trabalho pela frente!
Abraços,

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