UMA REFLEXÃO SOBRE VALOR COMERCIAL
DO SEU TEMPO (Ou de quanto podemos cobrar pelo uso do nosso tempo).

(Este artigo foi extraído do capítulo 11 do livro ADMINISTRAÇÃO DE ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA E ENGENHARIA)



Quanto vale o seu tempo? Quanto você pode cobrar por ele? Melhor dizendo, quanto seus clientes ou empregadores estão dispostos a pagar pelo seu tempo? O que você pode fazer para que o seu tempo seja mais valorizado?



Pense no seguinte: pense num menino ou numa menina de 10 anos que não tenha nenhum talento especial (artístico, esportivo, comercial...) e, naturalmente, não possui ainda nenhum conhecimento, capacidade ou habilidade que possa ser comercializada.

Digamos que ele, nesta idade, abandone a escola e não se dedique a nenhuma atividade de aprendizado de coisa alguma. Gaste seus dias apenas se distraindo ou se divertindo. Digamos que, por sorte, esse menino não seja cooptado pelo mundo do crime nem se torne usuário de drogas. Que se torne apenas um adulto sem nenhuma qualificação. Pior, sem, sequer, a condição de aprender habilidades simples.

O que resta ao nosso jovem quando chega aos 16 ou 18 anos? Quanto vale sua hora de trabalho? Por quanto ele pode vender a sua força de trabalho?
Não é preciso ser especialista em economia para saber que este suposto jovem terá de vender sua força de trabalho por um valor muito baixo (algo em torno de R$ 3,00 a R$ 5,00 por hora). Este é o valor da hora de trabalho de pessoas muito jovens e sem nenhuma instrução, treinamento ou experiência.

Se este nosso jovem optar por não frequentar nenhuma escola e não participar de nenhum treinamento profissional, ele somente poderá melhorar seu rendimento contando com a experiência prática, o que implica continuar trabalhando e esperar o tempo passar.
Considerando, novamente, o melhor dos mundos, ou seja, que o nosso jovem não caia na bebida ou nas drogas, que não se envolva em nenhuma atividade ilícita e que seja um bom trabalhador, ele chegará à idade madura (lá pelos 40, 50 anos) ganhando seus R$ 6,00 a R$ 10,00 por hora.



NOTA: Embora existam pessoas que fogem ao padrão apresentado acima, é preciso reconhecer que esses casos geralmente são resultados de combinações excepcionais de talento, sorte e disciplina. Não é, seguramente uma boa aposta, pois a possibilidade de uma pessoa adulta que não tenha estudo nem treinamento técnico profissional ganhar mais do que foi sugerido acima é, realmente, muito baixa.



Do que foi visto acima, podemos deduzir o seguinte: para chegar à idade adulta (e, depois, à idade madura) com a possibilidade de cobrar mais caro pelo uso do seu tempo nas ATIVIDADES DE PRODUÇÃO, o indivíduo precisa investir corretamente boa parte do seu tempo nas ATIVIDADES DE PREPARO. Vamos explicar melhor isso:

Podemos dizer que usamos o tempo em atividades de PRODUÇÃO (quando estamos fazendo alguma coisa que o nosso cliente está pagando) e em atividades de PREPARO (quando estamos fazendo coisas que contribuem para reduzir o tempo e aumentar o valor da utilização do tempo em atividades de produção)



NOTA: Existem autores que preferem os termos "Atividades de Exploração" (onde utilizamos "Atividades de Preparo") e "Atividades de Utilização" (para o que chamamos "Atividades de Produção")



O uso racional do tempo em atividades de PREPARO amplia o valor do tempo aplicado em atividades de PRODUÇÃO.

ATIVIDADES DE PREPARO - são as atividades nas quais o indivíduo está empenhado em desenvolver seus talentos e capacidades, para que o seu trabalho possa ser mais valorizado. Em outras palavras, para que cada minuto do seu tempo tenha mais valor;

ATIVIDADES DE PRODUÇÃO - são as atividades nas quais o tempo consumido é totalmente transformado em produto, ou seja, em algo pelo qual o cliente está disposto a pagar para receber.
No dia a dia profissional os processos de decisão constituem, normalmente, as atividades mais desgastantes, cansativas e consumidoras de tempo.

Quanto mais e melhor for aplicado o tempo nas atividades de preparo, menos tempo será consumido no processo de decisão sobre "como fazer as coisas," uma vez que o conhecimento e a habilidade obtidos nas atividades de preparo tendem a tornar o processo de decisão mais rápido, eficaz e confortável. Portanto, mais valorizado se tornará o seu tempo para aplicação nas atividades de produção.

Quanto menos tempo gastar "decidindo coisas" e mais tempo gastar "fazendo coisas", mais descansado você se sentirá no final de cada dia de trabalho;

Esta discussão acima, serve para esclarecer a importância do investimento em ATIVIDADES DE PREPARO, popularmente conhecidas como Educação e Treinamento Técnico. Mas também deveria servir para que o leitor tenha uma noção de que o PREPARO tem um custo e que este custo deve ser repassado ao cliente na hora de vender o seu produto. Ou seja, atividades de preparo são a PLANTAÇÃO e as atividades de produção são a COLHEITA.



Estudar, fazer cursos, participar de palestras, ler livros, revistas técnicas, artigos, acadêmicos, tudo isso são atividades típicas de Preparo. Durante algum tempo na sua vida (dos 5 aos 25 anos) esse tipo de atividade deve ter PRIORIDADE ABSOLUTA. Significa que durante este período, nada deve ser considerado mais importante do que estudar e se preparar.

Entre os 16 anos e 25 anos de idade outros interesses aparecem e podem competir com as atividades de Preparo. Isto inclui oportunidades de trabalho. Muitas pessoas, assim que começam a ter Atividades de Produção (e, portanto, começam a ganhar algum dinheirinho) começam a dar a esse tipo de atividade um valor absurdamente alto e acabam relegando ao segundo e terceiro planos as atividades de preparo. Anos depois ficam choramingando pelos cantos que não tiveram sorte nem oportunidades. Tiveram, sim. Mas viraram as costas para ela. Colheram tudo o que tinham plantado e esqueceram de que deveriam continuar plantando.

Depois dos 25 anos, para quem fez a lição de casa, o processo de formação já estará concluído. Daí pra frente é preciso fazer (1) Manutenção do conhecimento, (2) Formação continuada e (3) Especialização.

Tudo isso exige muito investimento em Atividades de Preparo. É claro que, a essa altura da vida, as atividades de Produção (a colheita) já tem uma importância considerável, mas, quem parar de plantar será engolido pela concorrência melhor preparada (com melhores diferenciais competitivos), especialmente se o seu produto possui alto componente intelectual agregado (é o caso da Arquitetura e da Engenharia).

O profissional não deve perder de vista os livros, as revistas técnicas, as palestras, os cursos e as especializações. È preciso reservar algum tempo na sua agenda diária para se dedicar a isso. Essas atividades de Preparo irão, continuamente, elevar o valor da sua Hora de Trabalho. Ou seja, permitir que você possa tirar melhor proveito das atividades de Produção.





PADILHA, Ênio. 2014






ADMINISTRAÇÃO DE ESCRITÓRIOS DE ENGENHARIA
E ARQUITETURA

Os bastidores dos negócios bem sucedidos: do processo de escolha dos sócios à determinação dos preços (passando pelo treinamento dos empregados, sistematização de processos,controle financeiro e Marketing)

ÊNIO PADILHA
4ª ed. 2021 - 200 páginas
ISBN 978-85-62689-80-2 - OitoNoveTrês Editora

Apresentação: Ricardo Meira (Arquiteto, Quadrante Arquitetura, Brasília)
Prefácio: Rodrigo Bandeira-de-Melo (Engenheiro e Professor da FGV, SP)



Clique AQUI e leia as primeiras 18 páginas do livro (até o final do primeiro capítulo)






Comentário #1 — 15/01/2014 15:12

Ligia Fascioni — engenheira eletricista — Berlim, Alemanha

Muito bom! Isso devia ser ensinado nas escolas (antes que as pessoas saiam dela) e para os governantes do nosso país também...

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

Obrigado, Lígia.
Nós temos, há cinco anos, um "Projeto Universidade" que oferece facilidades para a apresentação de palestras em Universidades. É bem interessante: se o evento for organizado e promovido por (ou para) estudantes, temos descontos bem expressivos e outras facilidades ou alternativas.
Muitas Universidades e Centros Acadêmicos têm aproveitado esta possibilidade.

Comentário #2 — 10/02/2018 10:01

Luiz Paulo — Engenheiro civil — Divinópolis-MG

Assistimos todos os dias colegas de profissão reclamando do cenário econômico e por não ter emprego e ao mesmo tempo colegas com mais serviço do dão conta de fazer, gerando serviços pra outros colegas. É um diferencial que vemos bem antes, nos bancos das universidades. Sempre vai existir aqueles que não dão valor no conhecimento e vão chorar as pitangas depois e os que dão valor no conhecimento.

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

Perfeitamente, Luiz Paulo.
Quanto maior o investimento em formação, maior o valor comercial do seu tempo.

DEIXE AQUI O SEU COMENTÁRIO

(todos os campos abaixo são obrigatórios

Nome:
E-mail:
Profissão:
Cidade-UF:
Comentário:
Chave: -- Digite o número 8752 na caixa ao lado.

www.eniopadilha.com.br - website do engenheiro e professor Ênio Padilha - versão 7.00 [2020]

powered by OitoNoveTrês Produções

25/04/2024 20:55:53     6198476

331