POR QUE ARQUITETOS DEVEM SER ADMINISTRADORES DE OBRAS

(Publicado em 20/01/2014)



O Arquiteto Iberê M. Campos é um sujeito com múltiplas habilidades e conhecimentos (Veja AQUI).

Ele escreveu o belíssimo artigo "O ARQUITETO COMO ADMINISTRADOR DE OBRA: VAMOS UNIR O ÚTIL AO AGRADÁVEL", publicado no site do IBDA. O artigo é longo, mas vale a pena ler, cada linha.

Vou esperar aqui até você voltar da leitura. É importante que você leia, porque eu não quero ficar aqui repetindo o que o Iberê já falou tão bem. Mas o que ele disse é essencial para entender o que eu vou dizer.

(...)

Muito bem. Já voltou? Ótimo! Vamos continuar.

Iberê Campos esclareceu algumas coisas muito importantes:
• O que levou os arquitetos a abandonar as atividades de construção;
• Porque os clientes valorizam o pedreiro, o mestre de obra e o corretor de imóveis mas não valorizam o engenheiro (e muito menos o arquiteto);
• Como o arquiteto pode (e deve) assumir o seu lugar nas construções, para ficar com uma fatia melhor dos rendimentos e do respeito (leia-se, valorização) na obra.

O que faltou dizer?
Faltou dizer que o estudo das características da prestação de serviços de arquitetura (e de engenharia) já permitem prever essa consequência ruim para os arquitetos (essa dificuldade natural que os clientes têm para entender e valorizar o trabalho do arquiteto)

No capítulo 2 do meu livro MARKETING PARA ENGENHARIA E ARQUITETURA eu apresento as DEZ CARACTERÍSTICAS DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ENGENHARIA E DE ARQUITETURA.

Cinco dessas características vieram da literatura sobre prestação de serviços (fiz uma breve revisão que está mostrada nas páginas 26 a 30 da minha Dissertação do Mestrado em Administração). As outras cinco foram descobertas que eu fui acrescentando através dos meus próprios estudos de escritórios de Engenharia e de Arquitetura ao longo dos últimos 20 anos:



Pode-se dizer que os arquitetos enfrentam todas as dificuldades típicas da Prestação de Serviços (qualquer serviço):
• Intangibilidade dos produtos;
• Inseparabilidade entre fornecedores e clientes;
• Variabilidade no processo produtivo;
• Inarmazenabilidade da produção;
• Improtegibilidade das tecnologias produzidas;
• Precificação Subjetiva;

E, além disso, ainda enfrentam as dificuldades que são próprias da Prestação de Serviços de Arquitetura (e de Engenharia):
• Produto de Consumo Restrito (muito pouca gente compra, poucas vezes na vida);
• Produto com alto componente intelectual agregado;
• Produto Intermediário (não é produto final, portanto, não desperta interesse imediato do cliente);
• Produto com vantagens e benefícios não evidentes para o cliente. As vantagens e os benefícios da arquitetura não são percebidos pelos clientes (ou, pior, quando percebidos, o mérito tende a ser atribuído a outros agentes.

Observem os dois últimos itens da lista. O que eles nos dizem? Que consequência eles nos trazem?

Observe que o trabalho do arquiteto (o projeto) é realizado muito antes de a obra virar realidade. Isto significa que o resultado do serviço do arquiteto não aparece (na visão do cliente) quando o serviço do arquiteto é realizado. Só aparece muito tempo depois (quando a obra fica pronta) e, frequentemente, passa despercebido, pois está “misturado” com a influência de dezenas de outros fatores envolvidos no produto final.

Esta é uma condição para a qual o profissional precisa estar atento, pois é um obstáculo que precisa ser enfrentado e transposto. Por conta do alto componente intelectual envolvido/agregado nos serviços de Arquitetura muitos profissionais não se dão conta de que coisas que parecem óbvias, na verdade não são tão evidentes assim. No final de uma obra (na hora em que se chega ao produto final) muitos clientes acabam atribuindo aos pedreiros, carpinteiros, azulejistas ou pintores, méritos que deveriam ser creditados ao arquiteto.

Uma das maneiras de superar as dificuldades produzidas pelas características da prestação de serviços (particularmente essas duas últimas) é justamente aproximar mais o trabalho do arquiteto do produto final.

Se é inquestionável o fato de que os clientes valorizam aquilo que está mais proximo dos seus interesses e entendimentos (no caso a obra, não o projeto), taí mais uma razão para que os arquitetos valorizem as atividades de administração de obras.

Mais um ponto para o Iberê Campos. Recomende o artigo dele para os seus colegas arquitetos.





PADILHA, Ênio. 2014





Comentário #1 — 06/11/2015 21:47

Iberê Moreira Campos — Arquiteto — São Paulo

Olá Ênio, achei por um acaso o seu comentário sobre o meu artigo. Agradeço muito seu elogio e a divulgação. Tenho também muitos outros artigos do mesmo teor, se quiser podemos fazer uma divulgação mútua. Abraço!

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

Certeza que sim, amigo.

Será um prazer.

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