NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESSE PAÍS...

(Publicado em 02/04/2007)



Nunca antes, na história desse país se viu tanta incompetência para administrar uma questão nacional, tanta má vontade com um ídolo do país e tanta boa vontade com um cidadão que acabou de cometer um ilícito...

1. Nunca antes, na história desse país se viu tanta incompetência junta, para administrar uma crise anunciada, como no caso do motim dos controladores de vôo da semana passada. É o caso de se perguntar "como é que se chegou ao ponto em que um grupo de 2000 profissionais conseguem colocar à seus pés 49 aeroportos, causar prejuízos incalculáveis à milhões de cidadãos impotentes e por de joelhos o governo federal? Será que nenhum dos estrategistas do Ministério da Defesa tinha imaginado essa possibilidade?"
Isso só reforça minha convicção de que NUNCA DEVEMOS DESCONSIDERAR O PODER DA INCOMPETÊNCIA.

2. Nunca antes, na história desse país se viu tanta gente querendo desvalorizar uma conquista como se vê, por esses dias, sobre o caso dos mil gols do Romário. A toda hora se vê jornalistas fazendo ironias e repetindo que os mil gols são "na conta do próprio Romário". Certo. Então os mil gols do pelé foram na conta da Fifa? da CBD? Claro que não. Pelé também chegou aos 1000 gols nas suas próprias contas. E todo mundo aceitou na boa.
Além do mais, mesmo que não sejam mil gols. Quantos jogadores no mundo já marcaram 900 gols? ou 800? Quantos? No Brasil, que eu saiba, nenhum.
Tinha até gente (do contra) torcendo para que o milésimo gol saísse no domingo, contra o botafogo, para poder dizer, na segunda-feira, que "a data era muito apropriada: 1o de abril". Ô raça!!!

3. Nunca antes, na história desse país se viu a imprensa orquestrar um esforço tão grande para livrar a cara de um cidadão preso em flagrante roubando mercadorias em uma loja num país estrangeiro. Para se ter uma idéia, no G1, site de notícias da Rede Globo, as notícias sobre o caso estão sendo veiculadas na seção de "saúde". Pode?
Se isso acontecesse com outra personalidade pública brasileira será que a imprensa seria tão condescendente? Ou trata-se de um caso especial?





PADILHA, Ênio. 2007





Comentário #1 — 03/04/2007 07:32

José Roberto Scarpetta Alves — Engneheiro Civil — Florianópolis

Realmente. O que se esperar de um país onde a incompetência é premiada e o trabalho aviltado? Talvez nos últimos 2 anos um dos poucos órgãos públicos que tenha realmente (ainda bem) trabalhado tenha sido a Polícia Federal. Congresso Nacional? Um super tapete para esconder a sujeira dos ratos. Tentam até escolher ministro sabidamente mão-leve.
Executivo? Administração parada, incompetente, ineficaz, atravancadora de progresso, burocrática e burra. Judiciário nem se fala, mantendo presos pé-de-chinelo e liberando por bom comportamento latrocidas como o papagaio.
No caso do Romário é pura inveja. O número não faz diferença, o que faz diferença é ele ter 40 anos de idade e fazer o que muito jogador incompetente não faria em 40 de profissão. Mas o que esperar de uma opinião pública onde 21 milhões de pessoas pagam R$ 0,31 para votar se eliminam o idiota A ou o idiota B no big brother (até o nome do programa atesta a subserviência cultural). Partilho de sua indignação.

Comentário #2 — 03/04/2007 18:44

Paulo Henrique Machado — Arquiteto e Urbanista — Cuiabá

Concordando com o colega José Roberto Scarpetta Alves - Engneheiro Civil - Florianópolis. digo também que nós estamos nos indignando através somente via internete mesa de bar, não vamos mais às ruas, não vamos nem mesmo a reuniões de condomínio, temos que ser críticos com a gente mesmo, estamos muito mais comodos na hora de protestar. Estamos craques em criticar porém com pouco efeito, informações nós temos, mas a vontade de por a cara nenhuma. Enquanto nós ficamos apenas com nossas críticas e indignações compartilhadas dentro da grande rede e mesa de bar, os políticos estão se divertindo, rindo e roubando cada vez mais. temos que usar essa arma que é a internet para nos organizar e convocar a populão esclarecida e bem informada a ir à rua, protestar e sentir o gosto de mudar alguma coisa nesse país.
Um grande abraço a todos!

Comentário #3 — 03/04/2007 23:29

Egydio Hervé Neto — Engenheiro Civil — Porto Alegre

Pois é ênio, notei e senti, exatamente como você exatamente a mesma coisa com relação a cada um desses fatos. Chego a pensar que vivo em outro mundo pois não é possível que as barbaridades que o Gov~erno Lula (assim com nome e sobrenome) fez no caso do transporte aéreo brasileiro. Parece que a baixaria é disputada e ganha quem abaixar mais!
Percebi o tempo todo esta palhaçada de afirmar o tempo todo em "milésimo gol nas contas do Romário" e lembrei, enfurecido que o Collor de mello foi capaz de ganhar um imenso espaço na mídia para se declerar (sob aplausos) inocente, entre os mesmos palhaços que o condenaram anteriormante (inclusive Lula, que o recebeu com honras de estadista!)
E finalmente, lembrei de cada brasileiro que dorme na rua (esta semana uma família inteira "se mudou" de debaixo da ponte onde os espaços foram emparedados, para a calçada no meio de um corredor de ônibus movimentado de Porto Alegre) em total pobreza e sem chances, enquanto outros são "protegidos" pela mídia.

Comentário #4 — 04/04/2007 09:19

Eduardo Schlup — Cirurgião Dentista — Blumenau

Um erro não justifica o outro. Repreender a atitude dos controladores não justifica a omissão (durante mais de 10 anos) das autoridades frente a um problema que vem sendo, nos últimos meses maquiado, como tudo "nessepaís"... Aliás, a Avon estaria orgulhosa se fosse brasileira. PIB maquiado, crescimento maquiado, infra-estrutura maquiada. O problema dos controladores é que eles estão sendo os "delúbios" da situação: a culpa está sendo empurrada e direcionada tão somente quanto a eles, quando sua única culpa mesmo foi de tomar uma atitude quanto ao fato (caos no espaço aéreo) que culminou na fatídica colisão. Lamentável. Quanto ao Collor e ao Romário, compartilho de vossa opinião. Romário é um dos poucos (senão único) jogador que depois do sucesso, dinheiro e prestígio continua a mesma pessoa, tendo os mesmo amigos "de quando era pobre" e frequentando os mesmos lugares.

Comentário #5 — 04/04/2007 10:02

Rui Hadlich — engenheiro civil — Itapema

Caro Enio:Inicialmente, desejo te cumprimentar pelo brilhante sucesso que alcançaste. É a primeira vez que faço contato contigo desde a saudosa época de Rio do Sul. O segundo cumprimento é pelo teor do teu artigo. Perfeito! Como a minha praia sempre foi futebol, emendo sobre o Romário: Há alguns gorduxos, "uchos" e outros candidatos a craque que não chegam aos pés do Romário (olha que nem sou vascaino). Ele deveria ser celebrado como orgulho da nação. Um cara com 41 anos correndo atrás de seu sonho, é uma coisa para toda a nação refletir.
Grande abraço.

Comentário #6 — 04/04/2007 10:20

Ênio Padilha — Engenheiro — Balneário Camboriú

Grande Rui Hadlich.
Costumo não comentar os comentários pois entendo que aqui é o território do leitor. Eu já tive texto lá em cima para expor meu ponto de vista...
Mas tenho que me manifestar agora, porque fiquei muito feliz em vê-lo por aqui. Espero que esteja tudo bem com você e sua família. Fico honrado em tê-lo entre os meus leitores.
Abraço, amigo.

PS. aos demais comentaristas: acho que a qualidade dos argumentos nos comentários está melhor do que a do artigo original.

PS2. Quem discordar do que eu escrevi no meu artigo ou discordar de algum comentarista, sinta-se à vontade. Faz parte. Todas as opiniões devem ser respeitadas.

Comentário #7 — 04/04/2007 21:32

Fabio P. Zimmermann — Programador Java Web — Florianópolis

Caro Ênio: No item 3 (sobre o Henry Sobel), permita-me um comentário: o sr. realmente o classificaria como um ladrão? Veja, ele furtou gravatas que valiam 800 dólares ao todo, e para sair da cadeia ele pagou mais de 3000 de fiança.
Sabendo quem ele é e com mais esses detalhes, só pode-se supor que isso tenha sido fruto de uma perturbação mental - ainda que momentânea. Assim, seria insensato passarmos de um extremo a outro: até achei a cobertura da imprensa a respeito zelosa um pouco demais (até pq trata-se de uma alta autoridade religiosa, com todo um histórico de atuação em causas humanitárias e tudo o mais), porém, não poderia-se tb fazer um linchamento moral apenas por conta deste evento isolado. Eu mesmo ouvi nas ruas comentários muito fortes a esses respeito (chamando-o de "ladrão" e tudo o mais).
Vejo que poderíamos tratar outros casos como esse com apenas 10% desse zelo, melhoraríamos muita coisa neste país, p.ex., ao ser pego alguém assaltando um supermercado, não simplesmente chamá-lo de "ladrão safado" e desejar o pior para ele, mas perguntarmos como nós, como sociedade, contribuímos para que o quase assalto acontecesse - e como isso poderia ser reparado e prevenido.

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