O FACEBOOK E A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFISSIONAIS
Publicado originalmente na Revista Eletrônica do Crea-SC, em 11/03/2015) (Publicado neste site em 30/04/2015)
Eu sou um internauta de primeira hora. Em 1994 já utilizava o "Boletim Eletrônico" da FURB, recurso pré internet que eu compartilhava, por curiosidade tecnológica, com meu amigo Paulo Grunwald, de Rio do Sul. Quando a Internet finalmente chegou a minha cidade (Jaraguá do Sul-SC) em 1996, eu entrei na primeira semana. Meu escritório abriu uma "home page" imediatamente e tornou-se a primeira empresa de Engenharia de Santa Catarina a ter um endereço na web.
Desde então, tenho acompanhado o desfile interminável de inovações e modismos da internet. Algumas coisas são passageiras. Outras duradouras. Nenhuma é definitiva. Vi passar o AltaVista, o Cadê, IRQ, MSN, Orkut e muitas outras coisas. Vi chegar o Google (e, com ele o Gmail) e, finalmente, o Facebook. Aliás, eu entrei no Facebook em 2005 (devo ser da primeira turma, no Brasil).
Muita gente, infelizmente, tem alguma dificuldade para identificar claramente quais são as limitações e delimitações da internet. Gente que prepara apresentações no Power Point e quando você pergunta "onde foi que você encontrou aquela imagem? Ou diagrama? ou gráfico?" A pessoa diz "encontrei no Google!"
Não, ela não encontrou as coisas "no Google". O Google ajuda a pessoa a encontrar coisas que estão nos sites, blogs, portais etc. Essas é que são as verdadeiras fontes. As informações não estão "no Google". O buscador não produz conteúdo.
Coisa semelhante se dá com o Facebook. Nesse caso a coisa parece ser mais grave. Muita gente parece acreditar que TUDO está no Facebook. Que estar no Facebook é suficiente para ter acesso a tudo o que importa e tudo o que vale a pena.
Claro que esta percepção está equivocada. O Facebook dá acesso ao senso comum. Às opiniões e convicções dos seus amigos que estão conectados na sua rede. Essas pessoas, por sua vez, publicam as coisas que consideram interessantes, de forma totalmente livre, sem correção, sem revisão e sem preocupações com rigor cientÃfico. Ler as coisas publicadas no Facebook equivale a bater papo num bar. Basear o seu conhecimento no Facebook seria equivalente, na década de 1980, a ostentar conhecimento obtido apenas lendo jornais.
A formação continuada dos profissionais de Engenharia requer esforço e disciplina intelectual que está alguns degraus acima do Facebook. Nossos clientes têm acesso à s mesmas fontes que nós temos nas redes sociais. Quem quiser saber o suficiente para não ser superado, em discussões com clientes, fornecedores e subordinados, precisa ter outras fontes de conhecimento. Essas fontes continuam sendo as mesmas das décadas passadas: os livros e os artigos técnicos (geralmente publicados em revistas técnicas especializadas). Essas informações podem estar disponÃveis na internet. Mas o caminho para ter acesso a elas, definitivamente, não é o Facebook.
Resumindo: divirta-se nas Redes Sociais. Mas não confie nelas para incrementar sua Formação Continuada
PADILHA, Ênio. 2015
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