ENGENHEIROS E ARQUITETOS DEVERIAM SABER FAZER CONTAS.

(Publicado em 14/01/2016)



Tenho visto muitas manifestações nas redes sociais (no Facebook, principalmente) criticando os investimentos públicos no Carnaval do Rio de Janeiro, num período em que a Saúde padece de importantes dificuldades financeiras.

Compreendo a indignação quando à falta de investimento de recursos na saúde. É uma coisa grave. Mas relacionar uma coisa com a outra NÃO É INTELIGENTE. É coisa de quem não pensa direito (e os colegas engenheiros e arquitetos, depois de tantas aulas de matemática e física, deveriam ter desenvolvido uma boa dose de raciocínio lógico e pensamento organizado).





Imagem: Pixabay



A primeira pergunta que a pessoa deveria fazer antes de publicar ou compartilhar um post do tipo "TEM DINHEIRO PARA O CARNAVAL MAS NÃO TEM DINHEIRO PARA OS HOSPITAIS" é "Quanto dinheiro a prefeitura do Rio de Janeiro investiu ou irá investir no Carnaval de 2016?"

Bom, até onde eu sei, o investimento alcança valores da ordem de R$ 60 milhões. Esse dinheiro é distribuído entre as escolas do grupo especial e do grupo de acesso, alguns blocos, shows, bailes, estrutura de rua, como decoração, banheiros químicos, chuveiros, energia elétrica, além de impressos, e pessoal extra). Se alguém tiver, de fonte segura, números diferentes, por favor, me esclareça.

E de quanto dinheiro estamos falando quando o assunto são os hospitais públicos do Rio de Janeiro?

Até onde eu sei, o orçamento proposto para a saúde, no Rio de Janeiro, para 2016 é de R$ 79 bilhões (SETENTA E NOVE BILHÕES!). Se descontarmos aí todo o exagero possível e o provável não cumprimento do orçamento proposto (vamos supor que haja um rombo de absurdos 25%) teremos R$ 60 bilhões.

Nesse caso, o investimento no Carnaval corresponde a 0,1% (confere aí, colega? UM MILÉSIMO!)

Além disso, nossos colegas indignados do Facebook não estão considerando que o Carnaval é uma máquina de fazer o Rio de Janeiro ganhar dinheiro. É, provavelmente, o evento mais lucrativo do ano na cidade, todos os anos.

E de quanto dinheiro estamos falando? Até onde eu sei (de ler notícias nos sites de informação) é coisa de 3 bilhões. Dinheiro que entra nos hotéis, nos restaurantes, nas lanchonetes, nos bares, nos clubes, nas agências de viagem, nos transportes coletivos, etc. gerando emprego e renda para muita gente e mais investimentos na cidade ao longo do ano (depois do carnaval)

Portanto, Carnaval é um bom negócio para a cidade. Deixar de fazer o carnaval para investir na saúde seria uma péssima escolha. Com um milésimo a mais de recursos a saúde não sairia de onde está. E a cidade perderia milhares de vantagens e investimentos.

Gostar ou não gostar do carnaval é direito de cada um. Mas não admitir que, no caso específico do Rio de Janeiro, ele é uma coisa boa, não faz sentido.

Colega engenheiro ou arquiteto. Quando o assunto envolve dinheiro e investimentos públicos, cuidado. Não siga a multidão. Pegue uma calculadora antes de sair por aí compartilhando bobagens.





PADILHA, Ênio. 2016





DEIXE AQUI O SEU COMENTÁRIO

(todos os campos abaixo são obrigatórios

Nome:
E-mail:
Profissão:
Cidade-UF:
Comentário:
Chave: -- Digite o número 7036 na caixa ao lado.

www.eniopadilha.com.br - website do engenheiro e professor Ênio Padilha - versão 7.00 [2020]

powered by OitoNoveTrês Produções

18/04/2024 22:29:29     6196692

317