PARABÉNS, FRED

(Publicado em 20/03/2006)



Corria o ano de 1879 em Filadélfia, estado da Pensilvânia, EUA. O jovem chefe de seção das oficinas de construção de máquinas Midvale Steel Company, estava tentando resolver um grande problema: a galeria subterrânea por onde se escoavam os detritos da fábrica entupiu. O esgoto ficava a uma profundidade de sete ou oito metros e corria por baixo da fábrica.

Fred (o nosso homem) enviou um grupo de trabalhadores para limpar o esgoto. Os homens puseram-se a trabalhar utilizando varas, emendadas umas as outras, mas não conseguiam sucesso. Por fim desistiram. Disseram ao chefe que o trabalho era impossível de ser resolvido e que era necessário abrir uma vala e pôr o esgoto à descoberto. Isto paralisaria o serviço na fábrica por vários dias.

Fred tomou então uma decisão típica do seu temperamento: decidiu ele mesmo limpar o esgoto. Sozinho.

Tirou a própria roupa, amarrou sapatos nos cotovelos e nos joelhos, para proteger-se e meteu-se nos canos. Por várias vezes teve de levantar o nariz na curva da manilha para não se afogar. Avançou engatinhando pela escuridão, por mais ou menos cem metros de lodo. Por fim encontrou a causa da obstrução, removeu-a e voltou pelo mesmo cano. Saiu coberto de sujeira, mas vitorioso.

Seus colegas de trabalho acharam aquilo uma palhaçada e riram-se à vontade. Mas o presidente da Companhia, percebendo que a empresa havia economizado alguns milhares de dólares, relatou o caso ao Conselho Administrativo e Fred foi promovido.

Fred já estava a caminho de se tornar Taylor. Frederick Winslow Taylor, que nascera em Germantown, subúrbio de Filadélfia, em 20 de março de 1856 e viria a se tornar um dos engenheiros mais importantes do mundo na sua época e a "inventar" a Administração Científica.

Antes de Taylor, a administração das fábricas era feita pelos próprios empregados, de maneira totalmente empírica e sem nenhum controle por parte da direção das empresas. A produtividade era baixa principalmente porque os sindicatos adotavam a filosofia de que quanto menos os empregados produzissem mais garantidos estariam seus empregos (por incrível que pareça, isso funcionava).

Taylor havia se preparado, até os 18 anos, para ser advogado (como era o desejo de sua família), mas problemas de saúde o afastaram dos estudos e ele resolveu ser aprendiz de mecânico por 4 anos (isso também era muito comum naquela época).

Depois foi admitido como mecânico na Midvale Steel Company, onde o encontramos já como chefe de seçao (e sendo promovido).

Formou-se Engenheiro pelo Stevens Institute, em 1885, depois de cinco anos estudando pelas noites adentro e aos domingos (naquela época trabalhava-se seis dias por semana).

Por conta de sua genialidade e de atitudes como a descrita no início deste artigo, Taylor teve uma carreira espetacular na Midvale Steel Company: em menos de seis anos passou de mecânico recém-contratado a Diretor de Fábrica (e isto não era nada comum naquela época).

Inconformado com os métodos e modelos de administração existentes Taylor desenvolveu estudos científicos durante 30 anos até publicar, em 1911, seu mais famoso livro, "Princípios de Administração Científica", referência obrigatória de qualquer curso de Administração em qualquer país do mundo. Seu método revolucionário teve, na sua época, grande oposição de muitos segmentos da sociedade, principalmente dos sindicatos que acreditavam que o novo sistema seria contrário aos seus interesses.

A Administração Científica proposta por Taylor venceu esses obstáculos não por ser melhor do que os sistemas anteriores, mas por ser muito, muito, muito melhor do que os sistemas anteriores. Era impossível, mesmo aos mais recalcitrantes deixar de reconhecer que Taylor tinha razão.

Pelo novo modelo proposto, os empregados trabalhavam menos e produziam muito mais; as empresas aumentavam consideravelmente sua produção, os empregados ganhavam salários mais altos e os produtos ficavam mais baratos para os compradores e as empresas tinham muito mais lucros. Era o que hoje os consultores chamam de relação ganha-ganha-ganha. Isso mesmo. Parece mágica. Mas é apenas ciência. Ou melhor, Administração Científica.

Taylor tinha muitas qualidades típicas dos engenheiros. Mas tinha também alguns defeitos típicos da profissão. Era rabugento e há diversas passagens de sua biografia que se referem à maneira rude e grosseira com que ele lidava com os empregados e (sejamos justos) também com os superiores. Pavel Gerencer, autor de uma de suas biografias, afirma que “sua linguagem era vivaz e descritiva. Soltava palavrões. Nada tinha de urbanidade ou cortesia”

Tudo isso, no entanto, já está perdoado, pois o saldo de sua passagem foi altamente positivo. Além do mais, nesta semana ele está de aniversário: (20/03/2022 - 166 anos!)

Fica aqui nossa singela homenagem a este grande homem que dedicou sua vida a desenvolver uma ciência tão importante para o bem estar da humanidade: a Administração.





PADILHA, Ênio. 2006





Ref.: TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de Administração Científica. 7ª ed. São Paulo: Editora Atlas.






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