CARTA AO RECÉM-ELEITO PRESIDENTE DO CONFEA
ENGENHEIRO JOEL KRUGER

(Publicado em 30/12/2017)





O presidente Joel Kruger já tem (como sempre tiveram todos os presidentes do Confea) uma legião de puxa-sacos e pedintes em volta dele. Não precisa de mais um. Precisa, sim de pessoas livres o bastante para serem honestas com ele e dizer o que precisa ser dito. Sem a intenção de ofender, sem a intenção de destruir. Apenas querendo o bem do Confea e da Engenharia no Brasil.




TRÊS MINUTOS - Ano 18 - Número 411 (Ênio Padilha, 30/12/2017)



Prezado Engenheiro Joel Kruger

Parabéns. O senhor venceu as eleições para presidente do CONFEA. Torço para que a sua gestão seja muito produtiva. Mas, sinceramente, se o senhor estiver bem intencionado, como eu acredito que esteja, seus próximos três anos não serão nada fáceis. Há um trabalho muito pesado para ser feito.

Pra começar, o senhor não pode esquecer que foi eleito com os votos de menos de 2% dos profissionais que fazem parte do sistema. Isso não tira a legitimidade do seu mandato, evidentemente. Mas nos remete à discussão inevitável sobre a representatividade do seu cargo.

Afinal de contas, os mais de 360 milhões de reais que o Confea tem em caixa (segundo declarações do ex-presidente José Tadeu) e os mais de 100 milhões que o Confea administra anualmente saem diretamente do bolso de quase um milhão e meio de profissionais espalhados pelo Brasil. É muito dinheiro! E tem alguma coisa errada quando mais de 1 milhão e 300 mil profissionais viram as costas para seu próprio dinheiro, o senhor não concorda?

Na minha modesta opinião, esta é a primeira e a principal tarefa a ser enfrentada nos próximos três anos: dar sentido à existência do Confea. Ligar o Confea aos profissionais a ele vinculados. Talvez, tornar mais democrático o processo eleitoral do seu sucessor, instituindo eleições pela internet daqui a três anos, como já são feitas em inúmeros outros conselhos profissionais.

Nesses últimos vinte anos, presidente Joel, tive o privilégio de apresentar meus cursos e palestras em mais de 170 cidades de TODOS os estados brasileiros. Foram cerca de 750 eventos, com a participação de mais de 20 mil profissionais.

Tem sido uma inestimável oportunidade de conhecer a realidade de muitos profissionais de todas as regiões. Infelizmente, o que tenho visto e sentido (e até mencionei isto, em uma série de artigos que eu escrevi em 2003) é que os profissionais, de uma maneira geral, odeiam o Crea e ignoram completamente o Confea.

Uma imensa legião de engenheiros, de agrônomos, geólogos, geógrafos, tecnólogos e técnicos de nível médio não faz a menor ideia do que é e para o que serve o Confea; E, sinceramente, às vezes eu tenho a impressão de que o Confea nem se importa com isto. Parece-me, às vezes, que a indiferença de um milhão e meio de profissionais interessa ao sistema, pois torna mais fácil e mais barato fazer o que se tem feito.

Nosso sistema profissional tem sido irrelevante no país. Não tem voz nem prestígio. A grande imprensa nacional ignora completamente a existência da instituição. Uma demonstração disso tem sido a “cobertura” da mídia para a SOEA, realizada todos os anos, há 75 anos. Como é que o maior evento de uma categoria potencialmente expressiva como a nossa passa completamente em branco nos grandes veículos de comunicação do país? (jornais, TVs, rádios e revistas e mesmo os portais e blogs da área tecnológica)

Na minha opinião, o Confea merece e precisa ser mais importante no cenário nacional. O presidente do Confea precisa, em nome dos profissionais, ter voz ativa e altiva nas discussões nacionais. O mínimo que eu espero do presidente do Confea é que se estabeleça como interlocutor do mais alto nível na esfera nacional. Não pode mendigar por uma audiência com um ministro ou (como tem sido nos últimos anos) não ser recebido por um presidente da república. Isso precisa mudar!

Tenho, senhor presidente, muito orgulho do trabalho que, no passado, realizei com o apoio do Confea. Sou grato pelas oportunidades. Gosto do Confea, tenho centenas de amigos no Confea e nos Creas. Pelo menos seis ou sete dos presidentes eleitos dos Creas são meus amigos pessoais.

Não sou um inimigo do sistema (e os dirigentes precisam parar com essa coisa pobre de achar que qualquer crítica ao Confea ou ao Crea só pode vir de alguém que quer destruir o sistema). Não, não sou o inimigo. Pelo contrário. Quero (e acho que posso) contribuir. E para isto, presidente, não preciso de cargos, chefias, gerências ou contratos. Não. Não estarei na fila de pedintes que o senhor terá de enfrentar nas próximas semanas.

Mas estarei aqui à disposição para contribuir com os meus conhecimentos e com os meus quase 40 anos de experiência.

Finalizando, engenheiro Joel, tenho certeza que a sua mesa de Presidente do Confea terá, à sua espera, grandes tarefas. Grandes questões nacionais para serem enfrentadas: a crise econômica, a Engenharia pública, a relação com os outros conselhos profissionais da área tecnológica, as questões ambientais, as políticas públicas nacionais, as instituições de ensino, as entidades de classe...

Mas, sinceramente, continuo pensando que a missão de mudar a percepção que a sociedade e os profissionais do sistema têm a respeito do Confea será a grande tarefa a ser enfrentada na sua gestão. Uma questão estratégica e fundamental. Uma questão de vida ou morte, se é que o senhor me entende.

Espero que o senhor seja capaz de ser um líder para todos nós. Não apenas para nós que o contemplamos com o nosso voto. Mas também para os que votaram em outros candidatos e os milhares (centenas de milhares) que não votaram nesta eleição. Seja nosso líder, engenheiro Joel. Seja criativo, seja corajoso, apresente soluções, assuma responsabilidades. Seja, no exercício do mandato, o melhor que um engenheiro pode ser.

Boa sorte, presidente. Torço, sinceramente, para que o senhor tenha um mandato tranqüilo, feliz e, acima de tudo, produtivo.



ÊNIO PADILHA
www.eniopadilha.com.br | professor@eniopadilha.com.br




a imagem que ilustra este artigo (no topo) foi produzida à partir do material de campanha do candidato Joel Kruger



---Artigo2017







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---Padilha, Ênio. 2017






Joel Kruger, engenheiro paranaense, eleito presidente do Confea (eleição homologada na plenária de ontem, 28/12/2017) não foi apoiado nem pela FISENGE nem pela FNE.
O que isso significa? Não é pouca coisa...

Leia o artigo FINALMENTE, UMA NOVIDADE NO CONFEA


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