INSUSTENTABILIDADE DO
VOLEI BRASILEIRO


VALE A PENA LER DE NOVO
(Publicado em 24/04/2009)



O assunto deste artigo, à princípio, não tem nada a ver com os nossos negócios.
Mas ele aborda um conceito importante que está presente em todas as atividades: a Sustentabilidade.
No Esporte, nos negócios e na vida esta questão é central.

Há duas ou três semanas (antes, portanto, dos episódios de Osasco) eu discutia com um amigo sobre a fragilidade (a insustentabilidade) do volei brasileiro, cujo órgão máximo, a Confederação Brasileira de Volei é considerada por todos como um exemplo de administração e estratégia.

Eu sempre achei muito estranho essa coisa de os times de volei no Brasil terem dono. É o campeonato do time do banco X contra o time do fabricante de remédios Y, da operadora de telefonia Z contra o time do sabonete K...

É difícil torcer por um time assim com o qual você não tem nenhum vínculo afetivo. Além do mais. O time do Shampoo pode estar hoje numa cidade e amanhã em outro estado. Ou, pior: extinto, numa canetada de um executivo de olho em gráficos de resultados financeiros. (embora, ao que parece, não tenha sido este o caso da extinção do Finasa/Osasco)

Aliás, quem só acompanha o volei pela TV não está acostumado ao nome Finasa/Osasco. Apenas \"Osasco\". Esse é outro caso sério: nas transmissões dos jogos nas emissoras de TV (que é o filé mignon da exposição da marca para o patrocinador) há um boicote proposital aos patrocinadores (que, no caso do volei, são os donos dos times). Os locutores são proibidos de pronunciar o nome das empresas patrocinadoras dos times. As equipes são chamadas pelo nome das cidades correspondentes.
Quando há entrevistas coletivas as câmeras dão closes inacreditáveis (que beiram o ridículo) para impedir que uma marca que aparece na camiseta, no boné ou no painel atrás do atleta apareça na tela... aí, meu amigo, temos que admitir: não há disposição para patrocinar uma equipe que resista.
Isso deveria ser resolvido pelos contratos de transmissão que a Confederação faz com as redes de TV. Afinal, a transmissão dos jogos dá audiência (especialmente nos canais por assinatura). E sem o patrocínio às equipes esses jogos não existiriam para serem transmitidos. Portanto as emissoras de TV não estão fazendo um \"serviço de utilidade pública\" quando transmitem os jogos da Superliga.

Esse modelo de patrocinio interessa muito mais à Confederação do que aos clubes, pois enquanto a Confederação se fortalece, pois lida com o atacado, os clubes, individualmente, permanecem fracos e vulneráveis.
O sistema é frágil e insustentável. E os atletas que podem fazer carreira no exterior vão preferir essa modalidade.
E, se o sistema é insustentável, a própria Confederação, que hoje se beneficia, logo logo será chamada a pagar sua conta.

O patrocínio é muito importante para as agremiações esportivas. Mas nenhum banco, indústria, laboratório ou fabricante de cosmético vai investir seu dinheiro num negócio que não tenha potencial de produzir retorno.

A Confederação deve dar maior participação financeira aos clubes para que eles possam negociar com maior dignidade seus contratos de patrocínios. Senão vira nisso que temos hoje: existem times, mas não existem clubes ou agremiações a quem os torcedores possam se unir por algum tipo de afinidade; existem times, mas eles estão subordinados ao departamento de marketing de alguma grande empresa.

Não há paixão nisso. E, que me desculpem os pragmáticos, mas o esporte precisa de um mínimo de paixão.



ÊNIO PADILHA
www.eniopadilha.com.br | ep@eniopadilha.com.br

Metáfora Esportiva

Comentário #1 — 26/04/2009 09:52

www.engenheirobastos.zip.net — engenheiro civil — itapagipe mg

bela tacada que vai doer em muitos engenheiros principalmente os que estão ostentando marca de grandes construtoras do momento mas que sabemos a que preço o sucesso gigantesco destas poucas, pois já ouviram falar de um tal de sigilo profissional e para ser aceito na construtora tem que assinar que nada falará do que ve e ouve nas maracutaias do sucesso, ai vem as dificuldades do profissional diante de um desastre ou de uma demanda de solução emergencial ele não pode perguntar para colegas de fora do time ele não pode pedir ajuda de colegas e amigos de confiança, assim tudo acaba, a empresa só quer se dar bem não importando as pessoas e suas dificuldades, assim colegas engenheiros pensem na sua situação de sucesso só durará enquanto der nuito lucro ou fama ao patrão, a prova tai o volei são os melhores do mundo e são muito fechados e agora como recorrer a alguem se não podiam por motivos de permanecer contratado terem trocado ideias com os concorrentes....assim não existirão mais e assim ocorrerá com todas as atuais gigantes contrutoras e seus contratos de imposição de sigilo e mordaça aos seus engenheiros....engenheiro bastos crea mg 35.417/d - itapagipe mg

Comentário #2 — 26/04/2009 10:05

Ênio Padilha — Engenheiro — Balneário Camboriú-SC

O colega Bastos captou o espírito da coisa...

Comentário #3 — 26/04/2009 15:39

www.engenheirobastos.zip.net — engenheiro civil — itapagipe mg

obrigado mas levei uns 5 anos postando em seu site para atingirmos um objetivo comum, pena que os sites de engenheiros são poucos e os que acessam se acovardam em não participar com seus comentarios, seria muito util para a engenharia se os engenheiros conversassem entrei si mas infelizmente a lei da mordaça prevalesce e muitos aceitamn pequenos cargos sabendo no que vão ganhar por fora é o brasil, quem sabe não surgirá uma nova ordem para moralizar nossa classe nem que seja fardada e a baioneta que até nos traz saudades....solimar itapagipe ng

Comentário #4 — 27/04/2009 10:02

Ênio Padilha — Engenheiro — Balneário Camboriú-SC

Recebido por e-mail:

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Prezado Ênio Padilha bom dia.

Essa questão do vôlei, também é notória no futebol. Durante o jogo não há como as emissoras, não mostrar o patrocinador. Já nas entrevistas coletivas, os closes são ridículos, a maioria dos jogadores foram obrigados a tratar bem dos dentes, por que só mostrava os dentes dos jogadores. Hoje os assessores de imprensa colocam um microfone e o nome do patrocinador na frente e os jogadores são obrigados a falar bem próximo ao microfone para o nome do patrocinador aparecer.

Estranho esse comportamento da TV, que é critica voraz à falta de patrocínio aos esportes. Porque, então, elas não mostram o nome do patrocinador?

Um grande abraço

ADAHIUTON MILTON BELLOTI
Mestre-de-cerimônias do Confea
Brasília-DF

Comentário #5 — 27/04/2009 15:16

Ênio Padilha — Engenheiro — Balneário Camboriú-SC

Recebido por e-mail:

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Enio,

Fosse perfeito. Observasse exatamente o que está acontecendo. As emissoras, que são consessões dadas pelo governo, para que façam sua parte social, boicotam a propaganda da empresa que está investindo no esporte. As TVs ganham milhões e para transmissão dos jogos querem mais ainda, inclusive do patrocinador para expor sua propaganda, quando não botam uma mancha na propaganda, para que não identifiquemos.
Sugiro que alguém faça uma Lei para proibir este tipo de atitude.
Abraços,

Sergio Becke
Eng Civil
Criciúma SC

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