MARKETING PESSOAL NA INTERNET
OU (DIGA-ME O QUE REPASSAS)

(Publicado em 09/11/2006)



Tem gente que acredita em tudo o que vê escrito. É impressionante!
Se essa pessoa ler uma piada do Ari Toleto e logo abaixo estiver escrito "Shakespeare", pronto: é já que ela repassa o "texto de Shakespeare", sem desconfiar que ele jamais diria uma estultice daquelas. E assim somos atormentados por textos tolos e pobres mas que são atribuídos, sem cerimônia, a Mário Quintana, Luiz Fernando Veríssimo, Albert Einstein, Shakespeare ou Fernando (Moraes, Sabino ou Pessoa, tanto faz).

Tem muito idiota na internet, não há dúvida. Mas isso é porque tem de tudo na internet. A internet é um mundo!
Um mundo um tanto diferente do mundo material, onde a gente come, bebe, toma banho, abraça os amigos, se move fisicamente de um lugar para o outro... No mundo físico nós exercitamos nossas capacidades e habilidades físicas.

A internet é um mundo onde cada pessoa exercita as suas capacidades intelectuais. Um mundo no qual as pessoas se relacionam no nível da inteligência individual. O tamanho, a força física ou qualquer outro desses atributos tão relevantes no mundo material tornam-se grandemente desimportantes no mundo da internet. Aqui o que vale é a cabeça. O órgão do corpo humano mais requisitado e mais valorizado na internet.

Pena que tanta gente não se dá conta disso. Não percebe que a internet pode ser uma grande oportunidade, mas é, ao mesmo tempo, uma grande armadilha, especialmente para o marketing pessoal.

Na internet as fraquezas ou fortalezas intelectuais são muito evidenciadas, pelas preferências, pelo vocabulário utilizado, pela elegância, pela educação, pelo refinamento. Na internet você tem, todos os dias, inúmeras oportunidades de mostrar quem você é e o que você tem do pescoço pra cima.

Uma das maiores armadilhas do marketing pessoal na internet é a tentação que sentimos de repassar mensagens por e-mail ou compartilhar conteúdo em redes sociais.

Isso é um perigo. Não deveríamos nunca esquecer uma frase antiga que diz que "é melhor ficar calado e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que abrir a boca e acabar com qualquer dúvida".

Tudo o que você repassa ou compartilha, na internet, chega ao destinatário com a sua "assinatura intelectual". Você se associa automaticamente com aquela ideia, com aquela preferência, com aquele ponto de vista. Enfim, você assina embaixo.

Eu, ao contrário da maioria das pessoas, não fico chateado quando me repassam e-mails ou quando os meus contatos nas redes sociais compartilham bobagens. Não quer dizer que eu goste de tudo o que me mandam pela internet. Mas vejo nisso uma boa forma de conhecer melhor as pessoas. Principalmente no que diz respeito ao seu nível de inteligência, cultura e preferências.

Um e-mail repassado ou um conteúdo compartilhado (seja um artigo técnico, uma frase, uma oração, um poema, uma fotografia, charge, notícia, piada, corrente, denúncia, mensagem, comentário...) revela a cultura, os interesses e preferências pessoais, além do nível de amadurecimento intelectual do remetente.

Já perdi as contas de quantas vezes recebi, de pessoas "cultas", artigos de um Zé Mané qualquer, que ela acreditou ser de Mário Quintana, Albert Einstein ou Luiz Fernando Veríssimo.

Já recebi muita bobagem, platitudes e delírios infanto-juvenis vindo de gente boa, graduada e cheia de pose intelectual... Gente que perdeu uma grande oportunidade de ficar calado.





PADILHA, Ênio. 2006





Comentário #1 — 09/11/2006 06:00

Claudio Fonseca de Freitas — —

Bom dia Ênio,
Concordo em parte com seu artigo, porém, considero a internet uma extensão do mundo material, onde as pessoas, além de exercitar o físico, exercitam também o intelecto. Será que Fernando Sabino por exemplo, no mundo material, não contava uma piada, um "causo" engraçado ou uma aventura mais ítima numa roda de amigos? Acredito que sim, mas nem por isto deixou de ir para hitória como o grande escritor que foi. O lado bobo das pessoas (e todos temos o nosso) faz parte da vida e é importante para que não nos tornemos 100% adultos em 100% do tempo a partir de um determinado momento e tornemos chatos e até mesmo insuportáveis. A divesidade intelectual das pessoas deve ser respeitada tanto no mundo material quanto na internet. Cabe a nós filtrarmos o que recebemos e selecionarmos aquilo de interesse, sem contudo, qualificarmos de bobas as pessoas que nos enviam algumas tolices. A internet, às vezes, funciona como uma válvula de escape para pessoas consideradas gênios e que, no entanto, não sabem fazer lazer no mundo material. E aí eu pergunto: Estas pessoas são idiotas? Claro que não. Apenas puseram na internet o que colocariam numa roda de bate papo. Conheço pessoas assim. O mundo intelectual construiu o mundo material e, assim, é responsável por toda a diversidade biológica, cultural, moral, etc. que hoje existe no mundo e o faz tão fascinante. Se todos fôssemos iguais em tudo, inclusive intelectualmente, o mundo seria uma chatice. Assim, cabe a nós sabermos o que enviar, para quem enviar, para onde enviar e quando enviar algum artigo, anedota, foto, filme, etc. Bem, é um assunto muito complexo para ser tratado via internet, mas como disse no início, concordo em parte com seu artigo.
Um abraço,
Cláudio

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