OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO

(Publicado em 06/12/2020)



Li este livro (OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO, de Érico Veríssimo) em 1987. Desde então, todo fim de ano utilizo este trecho do livro como uma espécie de Cartão de Natal
Afinal, no fim do ano é quando as pessoas estão mais abertas à reflexão e às boas intenções.
Veja o vídeo e veja se eu não tenho razão:

FELIZ NATAL - FELIZ 2023







VERÍSSIMO, Érico. Olhai os Lírios do Campo. São Paulo: Globo, 2003 [original de 1938] p.149-150. - (trecho do livro - uma das cartas de Olívia para Eugênio)



"Estive pensando muito na fúria cega com que os homens se atiram na caça de dinheiro. É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, da incompetência da nossa época. Eles esquecem o que tem de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura. De que serve construir arranha-céus se não há mais almas para morar neles?
(...)
Os homens deviam ler e meditar sobre este trecho (O sermão da Montanha, na Bíblia), principalmente no ponto em que Jesus nos fala dos lírios do campo, que não trabalham nem fiam, e, no entanto nem Salomão em toda sua glória jamais se vestiu como um deles.

Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu. É indispensável trabalhar, pois o mundo de criaturas passivas seria bem triste e sem beleza. Precisamos entretanto, dar um sentido humano as nossas construções. E quando o amor ao dinheiro nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.

Não penses que estou fazendo o elogio do puro espírito contemplativo e da renúncia, ou de que o povo deva viver narcotizado pela esperança da felicidade na "outra vida". Há na terra um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres fortes, para corações corajosos. Não podemos cruzar os braços enquanto os aproveitadores sem escrúpulos engendram os monopólios ambiciosos, as guerras e as intrigas cruéis. Temos que fazer-lhes frente. É indispensável que conquistemos este mundo, não com as armas do ódio e da violência e sim com as armas do amor e da persuasão. Considere a vida de Jesus. Ele foi antes de tudo um homem de ação e não um puro contemplativo.

Quando falo em conquista, quero dizer a conquista de uma situação decente para todas as criaturas humanas, a conquista da paz digna, através do espírito de cooperação.

E quando falo em aceitar a vida não me refiro à aceitação resignada e passiva de todas as desigualdades, malvadezas, absurdos e misérias do mundo. Refiro-me, sim a aceitação da luta necessária, do sofrimento que essa luta nos trará, das horas amargas a que ela forçosamente nos há de levar.

Precisamos, portanto, de criaturas de boa vontade.”

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