EXCELÊNCIA APEDREJADA

(Publicado em 10/01/2014)



Sempre me incomodou a inclinação natural do ser humano (particularmente, eu acho, dos brasileiros) para torcer contra sucesso de quem é grande e poderoso.

Os líderes de mercado estão permanentemente sob suspeita. Empresas como por exemplo a Coca-Cola, McDonald's, Nike, Rede Globo e Apple sofrem ataques diários: boatos, calúnias, difamação geral. É impressionante!

Aí, na semana passada, li um artigo da Revista Superinteressante de Portugal (Edição 155, de 2011) sob o título "O ataque dos medíocres". A luz se fez.





Imagem: Pixabay de DEZALB



Antes de falarmos mais sobre o artigo, uma palavrinha sobre as empresas citadas acima. Uma pergunta: qual é o elemento presente na estratégia de todas essas empresas? Resposta: a inovação e o senso de excelência!

Todas essas marcas foram construídas com estratégias baseadas na inovação, na excelência dos seus produtos e na atenção aos detalhes. Mesmo os detratores mais ferozes são obrigados a admitir que a qualidade técnica da Rede Globo é incomparável em relação a seus concorrentes, que o modelo de negócio desenvolvido pela McDonald's é copiado mundo afora ou que os gadgets da Apple "simplesmente funcionam" como a empresa diz em suas peças de publicidade.

Então, voltemos ao artigo da Superinteressante. O autor (que assina simplesmente L.G.R.) cita o espanhol Luís de Rivera (catedrático de psiquiatria) para definir a mediocridade como a incapacidade para valorizar, apreciar ou admirar a excelência.

Segundo Luíz de Rivera, existem três níveis de mediocridade: (1) a mediocridade comum, caracterizada pela hiper-adaptação, a falta de originalidade e uma normalidade tão absoluta que poderia ser considerada patológica; (2) a mediocridade pseudocriativa, que acrescenta à anterior uma tendência pretensiosa para imitar os processos criativos normais, e (3) a mediocridade inoperante ativa (MIA).

Este terceiro tipo de mediocridade é o mais prejudicial e agressivo. A maioria dos praticantes de assédio (de todas as naturezas) se enquadram nesse perfil. Enquanto os medíocres dos níveis (1) e (2) são simplesmente incapazes de reconhecer o gênio e a excelência, os do nível (3) também se propõem destruí-lo por todos os meios ao seu alcance. Eles desenvolvem uma grande atividade que não é criativa nem produtiva, e possuem um enorme desejo de notoriedade e influência.

A maioria das pessoas que reproduz o discurso destrutivo em relação às grandes empresas encontram-se nos níveis (1) e (2). Mas os MIA (nível 3) são os que criam as mentiras, divulgam as calúnias e incitam os demais.

Você, que está lendo este artigo com o nariz cada vez mais torcido, desarme seu espírito e pense comigo. Vamos tomar como exemplo a apedrejadíssima Rede Globo. A empresa tem muitos defeitos. Defende seus interesses comerciais e, muitas vezes, manipula a opinião pública. Mas a Band também tem defeitos e manipula, a Record também, o SBT... todas as redes têm os mesmíssimos defeitos da Rede Globo. Nada do que a Rede Globo faz de ruim não é feito também pelas demais redes no Brasil. Mas ninguém liga!

Na minha opinião, tem ainda um agravante: nenhuma das outras redes investe parte do seus recursos na produção de nenhum programa educativo ou cultural do nível do Globo Ciência, Globo Ecologia, Globo Educação, Globo Universidade, Globo Rural ou produções como as minisséries sobre Chiquinha Gonzaga, Euclides da Cunha, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré, Barão de Mauá, Guerra de Canudos. Isto sem falar do Telecurso.

No entanto, nunca vi ninguém xingando o SBT ou a Record nem seus representantes. Parece que essas pessoas se sentem muito mais confortáveis xingando a Rede Globo do que questionando o nível da programação das outras redes. Aparentemente, não se sentem à vontade questionando a mediocridade. Preferem apedrejar a excelência.





PADILHA, Ênio. 2014





Comentário #1 — 13/01/2015 08:23

Jean Tosetto — Arquiteto — PAULINIA

Essa história começa no primário: o melhor aluno da sala de aula geralmente come a merenda no recreio sozinho, ou com poucos amigos.

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

Muito bem observado, Jean.
Infelizmente é assim.

Comentário #2 — 15/04/2015 08:11

Wesley — Designer — Nova Lima / MG

Este artigo nos faz voltar o olhar em torno das nossas atitudes, mais especificamente dos nossos julgamentos, nos fazendo reconhecer certo nível de mediocridade. Mas creio que a internet tá aí pra isso, para nos ensinar, para registrar toda a nossa incoerência frente a estes julgamentos, colocando uma taça hiper sensível de cumbuca nessa nossa áurea cheia das nossas próprias certezas e convicções de que o nosso mundo é o certo. Um pouco de auto-critica nunca fez mal a ninguém. Novamente, outra bela postagem. Não conhecia o blog, mas já está garantido aqui no feed.

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

Obrigado, Wesley
Volte sempre, amigo. Será muito bem-vindo.

Comentário #3 — 23/12/2015 14:23

Farlley Derze — Professor e pianista — Madri

Artigo relevante, educativo, necessário.

Parabéns !!!

Comentário #4 — 22/04/2019 03:24

Ligia Fascioni — Engenheira eletricista — Berlim

O nome disso é inveja. Simples assim.

DEIXE AQUI O SEU COMENTÁRIO

(todos os campos abaixo são obrigatórios

Nome:
E-mail:
Profissão:
Cidade-UF:
Comentário:
Chave: -- Digite o número 4879 na caixa ao lado.

www.eniopadilha.com.br - website do engenheiro e professor Ênio Padilha - versão 7.00 [2020]

powered by OitoNoveTrês Produções

28/04/2024 19:17:53     6211801

7335