HAVERÁ LEGADO, SIM (1) -
OS ELEFANTES BRANCOS (?)

(Publicado em 27/06/2014)



Muito bem. Acabou a primeira fase da Copa do Mundo. Não resta mais dúvidas de que a coisa está indo bem. A turma do "Não vai ter Copa" teve de engolir a derrota e aceitar o fato de que o adversário, dessa vez, era cachorro grande. (sim, estou falando da Fifa. Voltaremos a este assunto mais tarde)

Mas essa turma não se dá por vencida. Agora trocaram o "Não vai ter Copa" pelo "Não vai ter legado!" Pois eu digo: VAI TER LEGADO, SIM. Quem apostar no contrário estará engolindo o próprio discurso daqui a um ano.

Não será o legado prometido, mas ele não será desprezível. O Brasil (e os brasileiros) vão ver que a Copa do Mundo não foi só "dinheiro jogado fora".

Haverá não só legados materiais. Também teremos os legados imateriais.

Vou aqui analisar algumas questões interessantes. Você, amigo leitor, poderá concordar ou discordar. Mas depois não diga que eu não avisei.


1 ELEFANTES BRANCOS (?)
Já escrevi antes, vou repetir aqui, o que eu penso sobre a escolha das cidades sedes da Copa do Mundo, especialmente Manaus, Cuiabá e Brasília

Eu nunca fui contra a construção dos estádios em Manaus, Cuiabá e Brasília. Da mesma forma que eu sempre defendi que realizar a Copa do Mundo no Brasil é um bom negócio, no sentido de que é um investimento que poderia facilmente produzir muitos benefícios. A questão do Legado entra aí: melhorias permanentes no transporte público, construção de hospitais, treinamento de pessoas para a indústria do turismo, ampliação e qualificação da rede hoteleira, ampliação e melhorias significativas nos aeroportos, etc, etc, etc... (se você nunca viu a questão por este ângulo, sugiro ler o Relatório da Ernst & Young Brasil sustentável – Impactos Socioeconômicos da Copa do Mundo 2014 publicado na minha coluna no portal2014.org.br em 2010.)

A maioria dos que são contra a Copa do Mundo só pensa nos estádios. Mas estádios deveriam ser apenas a ponta do iceberg. E deveriam ser privados. Não com essa montanha de dinheiro público como estamos vendo. Portanto, colocar dinheiro público nos estádios é um desvio da ideia original. Que era, sim, muito boa.

De qualquer forma é importante observar que a Copa do Mundo não se realiza numa cidade. Não existe a Copa do Mundo de Manaus. Não existe a Copa do Mundo de Cuiabá. O que existe é a Copa do Mundo do Brasil. Ponto.

A Amazônia e o Pantanal são duas coisas importantes do Brasil. Se há Copa do Mundo no Brasil, tem de ter jogo na Amazônia e na região do Pantanal. É assim que o mundo vê. Essa parte do negócio pode não ser a mais lucrativa, mas, certamente, poderia ser compensada pelos lucros obtidos por outras partes do negócio. O negócio é do Brasil. O ganho tem de ser global. Não precisa ser pontual.

Acontece que, quem tem a mente pequena, não consegue ver o negócio "Copa do Mundo" de maneira global. Quer que os lucros sejam iguais em todas as operações. Isso não existe em nenhum grande negócio. Quando uma grande empresa compra uma empresa menor ela espera obter lucros em algumas operações. E, por isso, aceita que haverá prejuízo em outras. É simples assim.

Nem falei do estádio de Brasília. Porque era só o que faltava, fazer uma Copa do mundo no Brasil e não ter jogo na capital do país. Lembrem-se de que Berlin (a capital da Alemanha) também não tem nenhum grande time de futebol. Nem por isto a Copa do Mundo deixou de ter jogos por lá (no estádio Olímpico, cuja reforma custou R$ 1 bilhão).

Portanto, a questão não é saber se os estádios de Manaus e Cuiabá serão ou não lucrativos. É preciso avaliar se o pacote "Copa do Mundo" foi lucrativo. E reconhecer que a construção desses estádios foi um preço que precisava ser bancado.





PADILHA, Ênio. 2014



(Este artigo está em construção. Nos próximos dias publicaremos outros tópicos desta análise)

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