RECURSOS DAS PEQUENAS EMPRESAS DE ENGENHARIA
(Dissertação de Mestrado - Ênio Padilha)

(Publicado em 13/04/2007)



Veja AQUI um vídeo com os slides da apresentação feita no dia 13 de abril de 2007, na defesa de Dissertação do Mestrado Acadêmico em Administração de Ênio Padilha, na Univali - SC.

PADILHA, Ênio. Uma análise da heterogeneidade de pequenas empresas à luz da Visão Baseada em Recursos: o caso dos serviços profissionais de Engenharia. 2007, 102f, Dissertação (Mestrado em Administração), PMA-UNIVALI, Biguaçu-SC, 2007.

Dissertação apresentada ao PMA - Programa de Mestrado Acadêmico em Administra-ção da UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Administração

Rodrigo Bandeira de Mello, Dr. (orientador); Edmilson de Oliveira Lima, PhD. - UNINOVE-SP (avaliador externo); Everton Cancelier, Dr. - UNIVALI-SC (avaliador interno)





Dissertação - Ênio Padilha
(arquivo PDF - 102 páginas)



RBV E RECURSOS
RBV é a sigla em inglês para Resource-Based View - Visão Baseada em Recursos. Trata-se de uma perspectiva teórica da área de estratégia, inserida nos estudos organizacionais, que se propõe a explicar a heterogeneidade (diferença de desempenho) entre as empresas.

Trata-se da perspectiva que eu escolhi para abordar uma questão que sempre despertou meu interesse: o que determina a vantagem competitiva sustentável para pequenas empresas de engenharia? O que faz uma empresa de engenharia ser melhor do que a outra? o que faz com que uma empresa mantenha-se melhor do que as outras por muito tempo?

Segundo a RBV, o desempenho de uma empresa pode ser explicado pela maneira como ela lida com os seus recursos.
Mas, o que se entende por recurso? São todos os ativos, capacidades, processos organizacionais, atributos da empresa, informações conhecimento etc, controlados pela empresa e que a permite conceber e implementar estratégias que melhore sua eficiência e efetividade.

Mas não basta à empresa dispor de recursos. é preciso dispor de recursos essenciais, que são os recursos raros, valiosos para o mercado, idiossincráticos, socialmente complexos e difícil de ser imitado ou transferido, além de apresentar limites à competição ex ante (condição necessária), mecanismos de isolamento (limites à competição ex post) e difícil transferência (condição suficiente).

Complicou? não se preocupe. A tradução disso tudo está na Dissertação de Mestrado defendida no dia 13 de abril deste ano: "UMA ANÁLISE DA HETEROGENEIDADE DE PEQUENAS EMPRESAS À LUZ DA VISÃO BASEADA EM RECURSOS (RBV): O CASO DOS SERVIÇOS PROFISSIONAIS DE ENGENHARIA", apresentada ao Programa de Mestrado Acadêmico em Administração da Universidade do Vale do Itajaí, em Santa Catarina.

Este trabalho absorveu praticamente toda minha atenção e energias nesses últimos dois anos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva utilizando-se da estratégia de estudo multicaso, com pequenas empresas de engenharia.

O documento final tem 102 páginas, mas as principais conclusões são as seguintes:

1. O MERCADO DAS PEQUENAS EMPRESAS DE ENGENHARIA TEM REGRAS POUCO DEFINIDAS.
Em que pese a regulamentação do exercício dessa profissão, as empresas estudadas atuam em um mercado extremamente competitivo e com regras pouco definidas;

2. BAIXA FORMALIZAÇÃO LEGAL DAS EMPRESAS
Para o contexto do Brasil observa-se ainda uma baixa formalização dos negócios, o que cria uma distorção no sentido de ser percebido como recurso algo que deveria ser obrigatório a todos os competidores: o registro formal das empresas.

3. OS RECURSOS IDENTIFICADOS.
Os dados permitiram identificar os seguintes recursos possuídos e/ou controlados por pequenas empresas de engenharia: (1) Estrutura da Empresa, (2) Registro formal da empresa, (3) Instalações, (4) Localização, (5) Equipamentos, (6) Organograma, (7) Preparo empresarial do empreendedor, (8) Espírito empreendedor, (9) Pensamento cartesiano, (10) Preparo formal, (11) Capacidade de gestão financeira, (12) Experiência administrativa, (13) Rede de relacionamentos, (14) Capacidade de Comunicação, (15) Capacidade de relacionamento pessoal, (16) Capacidade de lidar com a interdisciplinaridade, (17) Capacidade de comunicação não-verbal, (18) Imagem, (19) Imagem pessoal do profissional, (20) Reputação, (21) Credibilidade, (22) Capacidade de cumprir os prazos, (23) Capacidade de administrar o tempo, (24) Acessibilidade/Disponibilidade, (25) Capacidade de produção, (26) Equipe de trabalho, (27) Experiência Individual dos funcionários.

4. RECURSOS DE NATUREZA HUMANA
A maior parte dos recursos identificados para as pequenas empresas de engenharia estudadas são recursos de capital humano. Isto se deve, em primeiro lugar, à natureza do produto dessas empresas (prestação de serviços profissionais) e, em segundo lugar, ao tipo de organização centralizada na figura do profissional proprietário, identificada com a estrutura simples descrita por Mintzberg (1979)

5. PERTINÊNCIA DOS RECURSOS PREDOMINANTEMENTE PESSOAL
Os recursos das pequenas empresas de engenharia estão fortemente concentrados nos recursos de capital humano associados ao engenheiro proprietário da empresa. Essa interação entre os recursos da empresa e os recursos do engenheiro proprietário é uma das principais causas que explicam a heterogeneidade (diferenças) das pequenas empresas de engenharia

6. NEM TODOS OS RECURSOS SÃO ESSENCIAIS
Nem todos os recursos são raros, valiosos, imperfeitamente imitáveis ou que permitem limites à competição ex ante e ex post.
Para as pequenas empresas de Engenharia, a Vantagem Competitiva Sustentável é resultante do uso ou controle de recursos essenciais como
a) Estrutura da empresa;
b) Rede de relacionamentos;
c) Imagem;
d) Capacidade de produção;
e) Preparo empresarial.

Esses recursos são resultantes, primeiro, da interação e/ou combinação de outros recursos não necessariamente essenciais e, segundo, da acumulação de estoques desses recursos com o tempo e a trajetória de cada empresa (DIERICKX; COOL, 1989)

7. AS EMPRESAS PODEM IMPOR LIMITES À COMPETIÇÃO PELOS SEUS RECURSOS ESSENCIAIS
Os recursos essenciais (listados no item 6) podem ter seu acesso restrito aos demais competidores, através de mecanismos de isolamento que protejam as rendas obtidas.

8. CONHECIMENTOS TÉCNICOS: (NECESSÁRIOS MAS NÃO SUFICIENTES)
Apesar de o produto dessas empresas ser de ordem técnica, a maior parte dos recursos encontrados são de ordem gerencial e não técnica.
Os recursos do tipo habilidades e conhecimentos técnicos dominados pelas pequenas empresas de engenharia não resultam em vantagem competitiva (uma vez que são dominados por todos ou quase todos os competidores). Conhecimentos técnicos são condições necessárias porém não suficientes para a obtenção de vantagem competitiva.
A vantagem competitiva só se estabelece quando os conhecimentos e habilidades técnicas são combinados com outros recursos essenciais da empresa.

9. ESTRATÉGIAS DE LIDERANÇA EM CUSTO NÃO FUNCIONAM
Como os recursos das pequenas empresas de Engenharia não são, via de regra, adquiridos no mercado de fatores de produção e sim acumulados em forma de conhecimentos, habilidades, rotinas e capacidades, administrar corretamente o tempo e a carreira, aproveitando as oportunidades parece gerar diferenciais competitivos importantes.
Em razão disto, observa-se que praticamente todos os recursos essenciais das pequenas empresas de engenharia apontam para a concepção e implementação de estratégias de difirenciação por qualidade do produto, sendo muito improvável a possibilidade de sucesso de estratégias de liderança em custo.

10. A IDADE É IMPORTANTE
O processo de acumulação de praticamente todos os recursos essenciais das pequenas empresas de Engenharia é dependente do tempo e da trajetória (time dependency e path-dependency).
Por isto a idade da empresa é um ponto valioso pois ela desenvolve rotinas e capacidades que só podem ser imitados por empresas que tenham passado pelo mesmo caminho e transcorrido o mesmo tempo.
Os dados apontam o TEMPO como uma fonte indireta de recursos valiosos pois estes são recursos idiossincráticos, socialmente complexos e difíceis de serem imitados ou transferidos.





PADILHA, Ênio. 2007





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