O Sistema Confea/Crea realiza todos os anos (desde meados da década de 1940) um grande evento que reúne profissionais de todo o país: é a SOEA – Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia.

Quem me conhece sabe que eu tenho um carinho muito grande por este evento e sempre me angustiou muito quando, por qualquer razão, o evento não tem a grandiosidade que merece ter (ou não produz os resultados que poderia).

Imagem: Confea

A primeira vez que participei da SOE foi em 1996, quando ela foi realizada em Blumenau, Santa Catarina (na época ainda era SOEAA. Incluia a participação dos arquitetos). Em 2000, 2001 e 2002 fui palestrante (Salvador, Foz do Iguaçu e Goiânia). De lá pra cá sou colecionador assíduo dos seus crachás.

A primeira vez que eu pude dizer que a SOEA teve lampejos da grandeza que dela se deveria esperar: foi em 2006, em Maceió.

Alguns dias antes o então presidente do Confea, Marcos Túlio, declarou que a SOEA-2006 seria um “divisor de águas” na história da “Semana”. Confesso que não levei muita fé na promessa (desculpe, presidente).

Mas ele tinha razão. Ou pelo menos, parte da razão. A SOEA 2006 não foi perfeita, é claro. Mas foi MUITO melhor do que as anteriores. Conseguiu, finalmente, conferir dignidade ao nosso sistema profissional. E permitiu que um profissional como eu, no interior do Brasil, sinta-se orgulhoso de ser engenheiro ou agrônomo.

Foi um evento grandioso, com apelo aos profissionais e grande repercussão na mídia nacional. Teve grandes palestrantes (nomes de peso como Ariano Suassuna, Amyr Klink e Marcos Pontes), um debate entre os candidatos à presidência da República e, pela primeira vez, grande participação dos profissionais e de estudantes.

Poderia mesmo ter sido um divisor de águas. Mas não foi, porque não dividiu as águas. É que, nos anos seguintes, infelizmente, a SOEA voltou a ser o que sempre foi: um evento sem graça, sem apelo aos profissionais, sem repercussão na mídia e fundamentalmente, sem conseqüência.

Em dezembro de 2005, escrevi uma “carta ao engenheiro Marcos Túlio”, assim que ele foi eleito presidente do Confea. E falando da SOEA, fui bastante enfático: “Como é possível, presidente que o maior evento de uma categoria potencialmente expressiva como a nossa, passe completamente em branco nos grandes veículos de comunicação do país? A participação dos profissionais do sistema no evento também é uma coisa que já deveria ter preocupado a instituição. Sinceramente, não me parece razoável que uma entidade com mais de 70 anos de existência e com quase 900 mil filiados só consiga minguados 1200 participantes para seu evento mais importante do ano. Tem alguma coisa errada aí.”

Em 2018 a SOEA voltou a ser realizada em Maceió. E, veja que coincidência: voltou a ser boa (em termos de grandeza e conteúdo. No ano seguinte, 2019, em Palmas. Manteve o padrão no conteúdo das principais apresentações, mas ainda tem muita coisa para ser melhorada.

Em 2020 a pandemia fez a SOEA ser cancelada e agora, em 2021, criou-se uma alternativa para garantir que o evento ocorra (ainda que virtualmente) e que a chama da SOEA vibrante, grandiosa e efetiva continue acesa: trata-se da SOEA CONNECT evento híbrido (uma parte ao vivo e outra on-line) e que permitirá aos profissionais de Engenharia, Agronomia e GeoCiências uma oportunidade de atualização e aprendizado.

Infelizmente ficarão faltando os cafezinhos e os abraços aos grandes amigos. Mas isso certamente ocorrerá em 2022.

PADILHA, Ênio. 2018