AFINAL, DE QUEM É O PROBLEMA DA
FALTA DE ENGENHEIROS NO BRASIL?

(Publicado em 14/02/2011)



Tenho acompanhado, há alguns anos, os estudos, pesquisas, análises e declarações de autoridades sobre o problema da falta de Engenheiros no Brasil.
Em 2008 escrevi um artigo com o título DEVAGAR COM O ANDOR reconhecendo o tema como atual e objeto da grande atenção da mídia. Mas fazendo algumas perguntas que me pareciam importantes na época: O que nos levou a isto? O que levou o Brasil a, "de repente" ficar sem engenheiros? Que parcela da responsabilidade cabe aos próprios engenheiros? Como esta questão será resolvida? O que vai acontecer quando essa questão for resolvida? A quem interessa resolver essa questão?
No artigo apresento a situação não apenas como uma oportunidade, mas também como uma ameaça. Não se pode reproduzir o comportamento adotado no último período de bonança pelo qual os engenheiros passaram (da década de 1920 até o final da década de 1970).

Hoje gostaria de discutir outro aspecto da questão: tenho visto o Confea, os Creas, as entidades de classe e até os sindicatos entrarem nessa discussão como se coubesse a eles resolver o problema da falta de engenheiros no país.
O meu entendimento é outro. Esse é um problema do país, do governo do país. Os engenheiros, enquanto cidadãos podem (e devem) contribuir para a solução. Porém, na minha fraca opinião, as entidades de engenharia têm de se preocupar com outras coisas. Antes de encontrarmos soluções para a formação de mais engenheiros, é importante pressionar os governos e as empresas a garantir condições de trabalho e remuneraração adequada a esses profissionais. Senão continuaremos formando engenheiros para trabalhar no sistema financeiro!

Aliás, há menos de duas semanas escrevi outro artigo chamado COMO ASSIM, CBIC? COMO ASSIM, FOLHA? questionando o título de uma matéria da Folha (reproduzida no site do Confea) que apontava como solução para o problema justamente a entrada de profissionais estrangeiros no mercado da prestação de serviços de Engenharia no Brasil.

É preciso ficarmos atentos pois, nessa questão da falta de engenheiros no Brasil os interesses do governo e dos empresários não são, necessariamente, os mesmos interesses dos engenheiros brasileiros.

É preciso formar mais e melhores profissionais. Mas é necessário dar a esses profissionais uma vida digna. Bons empregos, bons contratos e boas perspectivas

Trazer engenheiros de fora resolve o problema de uns, mas não resolve o problema de outros (e, nessa dança, nós somos os outros!).
Nossas instituições representativas são lideradas por colegas que foram eleitos (escolhidos) para nos representar. Para representar e defenter os nossos interesses. E não os interesses dos governos e dos empresários.





PADILHA, Ênio. 2011





Comentário #1 — 14/02/2011 00:00

Luciana Caixeta Duarte — Arquiteta — Palmas/TO

Pagar bem quem vem de fora e não dar prioridade para fabricarmos bons profissionais! Que Brasil queremos?... Parabéns, Ênio!

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

Obrigado Luciana

Comentário #2 — 17/02/2011 15:01

Eduardo Delmondes Góes — Engenheiro eletricista — Sinop/MT

Ênio, boa tarde!
O mais interessante é que quando falta um produto o seu preço tende a subir. Esta lógica só não vale para engenharia.
Aqui no norte de Mato Grosso oferecem R$ 16.000,00 para médicos e não encontram quem queira vir trabalhar aqui.
No concurso da Petrobrás que acontecerá final do mês tivemos para engenheiro civil 1929 candidatos por vaga, para área elétrica 1641 candidatos por vaga, para área eletrônica 321 candidatos por vaga, para área mecânica 234 candidatos por vaga, para produção 1348 candidatos por vaga e para segurãnça do trabalho 286 candidatos por vaga. Como assim faltam engenheiros? E esses números?
Não faltam engenheiros no Brasil. Estão nos chamando de idiotas.
O problema talvez seja de pós-graduação ou especialização, educação continuada, adequação a novas tendências e tecnologias, etc...
Porém, este problema tem solução.
Concordo com a vinda de profissionais estrangeiros somente em caso de notória especialidade ou seja em assuntos que não tenhamos profissionais aptos para o desempenho da função, de resto nem pensar. Já pensou quando acabar o boom da copa do mundo o que acontecerá? Se hoje já pagam mal, imgine quando virarmos o mercado de trabalho de engenheiros do mundo inteiro que podem ir e vir quando quiserem?
Só para exemplificar:
Concurso público para Prefeituras / Salários oferecidos aos engenheiros
Ilhéus-BA / R$ 1.813,82 - 40 horas semanais
Jaciara-MT / R$ 1.761,33 - 44 horas semanais
Minas Nova-MG / R$ 1.355,00 - 20 horas semanais
Não riam, isto não é uma piada.
Onde isso vai parar?
Um abraço a todos.
Eduardo Góes

Comentário #3 — 17/02/2011 17:40

Massa — Eng Eletricista / Seg Trab. — Curitiba

Prezado Ênio,
Realmente essa é uma questão complicada..

Com tantos procurando emprego, como pode estar faltando engenheiros ???

Creio que há um aparente paradoxo por que as empresas e as autoridades estão fazendo uma afirmação errada, POR MEDO de criar polêmicas : na verdade o que as autoridades / empresas querem afirmar é que "falta BONS engenheiros"

Como ter bons engenheiros implica em uma série de questões que o governo, as empresas e as institições NEGLIGENCIARAM ao longos dos anos, eles tem medo de dizer claramente que falta bons engºs...

Comentário #4 — 17/02/2011 21:49

www.engenheirobastos.zip.net — engenheiro civil — itapagipe mg

(Comentário suprimido pelo titular do site)

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

O colega engenheiro Bastos, que participa frequentemente com comentários no nosso site (e é sempre bem-vindo) teve o seu comentário suprimido não por ter transgredido qualquer das regras do nosso site (Neste Link), mas porque o seu comentário exprime um sentimento de autodestruição que eu desejo sinceramente que o amigo reconsidere.

Abraço

Comentário #5 — 26/02/2011 17:23

Divanilson Gonçalves da Silva — Técnico/Eng. em eletrônica — Paulista - PE

Caro Êni Padilha o comentário postado por Eduardo Delmondes Góes é no meu entender procedente e exprime o senso comum dos profissionais da área.

Quero no entanto contar uma história que ilustra um pouco a situação atual. Quando um profissinal, recém formado vai procurar seu primeiro emprego muitas vezes tem grandes expectativas quanto à empresa em que quer trabalhar mas acaba tendo que se conformar com o que encontra. Atualmente as empresas estão numa situação parecida, querem um perfil de profissional muito além do que o mercado de trabalho oferece ou merecem e não querem se conformar com os profissionais que encontram, principalmente quanto a remuneração justa. Absurdo!!

Comentário #6 — 17/07/2011 17:37

solimar de castro bastos — engenheiro civil — itapagipe mg

colega engenheiro sua avaliação sobre minha pessoa foi negaiva mas quem está na outra ponta do brasil sou eu e estou na marginalidade sofrendo com a impundade dos corruptos viver numa pequena cidade de pouco mais de 3.000 imoveis onde o engenheiro civil serve apenas para assinar alvarás e habite=se somente quando um proprietario recusa a submssão do secretario de obras que engaveta todo serviço de outro engenheiro que não seja dele ou de seus laranjas o crea mg já fez o maximo com a censura publica mas não cassa o diploma dele e assim já dura 23 anos de corrupção assim colega engenheiro continuo a viver por aqui por opção de famlia mas logo isto vai acabar pois nada dura para sempre vamos ver quem durará mais se minha familia ou a corrupção na prefeitura..solimar de castro bastos engenhero civil cea mg 35.417/d - itapagipe mg

Comentário #7 — 08/08/2011 17:42

Marcelo De Luccia — Engenheiro Civil — Itu - SP

Os comentarios propalados por todo lado (midia) de que faltam Engenheiros criam uma falsa interpretacao da realidade do mercado de trabalho da profissao, sou recem-formado, com estagios na Construcao Civil e nao consigo espaco, estou desempregado e passando dificuldades, as margens da sociedade.

Escutar esse discurso de "Falta de Engenheiros" me deixa profundamente irritado, sinto-me impotente...

RÉPLICA DE ÊNIO PADILHA

Prezado Marcelo

Não tenho como fazer uma avaliação mais detalhada do seu caso... mas andei conversando com alguns amigos mais ligados ao mercado (empregadores) e, pelo que ouvi deles... tem alguma coisa errada na maneira como você está procurando trabalho. Porque, segundo eles (ouvi três amigos) o mercado está aquecido, sim. Engenheiros, mesmo os recém-formados, não ficam desempregados por muito tempo.
Então... anime-se. A sua oportunidade pode estar ali, na primeira esquina

Comentário #8 — 16/07/2012 09:36

Luiz Alberto Melek — Engenheiro Eletrônico — Curitiba

Na minha opinião o que realmente acontece é que faltam na verdade administradores, economistas e contadores; não faltam engenheiros. O problema toda a meu ver é que os engenheiros estudam 5 anos de cálculo, física, circuitos elétricos, resistência dos materiais, eletrônica e 1 ou 2 semestres apenas de matérias muito mal dadas de administração e economia. Quando vão trabalhar precisam fazer trabalhos burocráticos que os formados em economia e administração não dão conta e sobra para os engenheiros. Isso é frustrante, pois os trabalhos não áreas técnicas estão cada vez diminuindo e piorando em qualidade. E como os engenheiros se dão bem com números, as empresas procuram-nos para trabalhar na área financeira e administrativa. Isso é lamentável.

Comentário #9 — 05/07/2013 23:21

erick — acadêmico de eng.civil — santarém-Pa

caros amigos, sou acadêmico na CEULS/ULBRA, e atualmente tenho procurado me informar sobre o mercado brasileiro de construção civil e tenho notado as dificuldades de estágios e trabalho nessa área, os colegas que se formaram na turma do ano passado (10 pessoas) estão trabalhando a maioria nas mineradoras de nossa região, porém na nossa cidade as ofertas estão tímidas, percebo a dificuldade de cursos complementares para o enriquecimento profissional dos acadêmicos(creio que uma peculiaridade de nossa região), e não vejo nenhuma preocupação da parte dos governos em acolher nós, jovens engenheiros, oferecendo suportes necessários para agregar experiências aos acadêmicos e recém-formados.....

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