Mais uma pras minhas Notas Autobiográficas

Escrito há 20 anos pelo meu irmão mais velho, Carlos Alberto, que teve um sensacional surto de escritor e, durante vários meses, escreveu crônicas com as suas memórias que me enviava por e-mail.

(A figura abaixo eu montei com imagens de banco de dados gratuitos e mostra o interior da Catedral de São João Batista, em Rio do Sul, o local do ensaio)

Divirtam-se! (e deixem seus comentários, no final)

Imagem: EnioPadilha

Grande irmão Ênio, tudo de bom!

No dia 18 de agosto próximo, minha filha Gabriela fará sua primeira comunhão na Catedral de São João Batista. Isto, de certa forma me leva aos meus tempos de menino, pois foi na mesma Igreja que eu e meus irmãos Ênio e Edson, fizemos nossas primeiras eucaristias.
Também me faz lembrar de um fato "inusitado".

Era a semana que antecedia o domingo Eucarístico e como é costume dos católicos, há todo um cerimonial para o ato.

"Sexta-feira é o ensaio  geral."  informou a catequista em tom alto para todos saberem. Na data aprazada, lá pelo meio da tarde, meus dois irmãos e eu saímos de casa para o dito ensaio.

Fazia muito frio. A tarde era daquelas nubladas e vez ou outra caía uma garoa fina que esfriava ainda mais. Para esquentar íamos correndo e tínhamos levado  conosco uma pequena bola de borracha.

Pela rua, chutando a bolinha daqui pra lá, de lá pra cá, recreávamos em nossa ida ao compromisso. Lá pelas tantas, em um dos chutes, chutei a saliência de uma pedra da rua (um paralelepípedo) que me custou a metade do solado dianteiro do meu sapato.

O calçado ficou assim. "tipo jacaré".  Mas compromisso é compromisso e o ensaio geral era muito importante. De modo que não havia jeito,  teria que ir assim mesmo. Até a Igreja foi tudo bem, afinal "moleques"  na rua andam de qualquer maneira. Mas na Igreja não!

Quando o ensaio começou, como é normal em tirocínios, foi um tal de entra e sai da igreja, até fazer a coisa certa. E eu, como não poderia ser diferente, por causa do meu sapato, arrastava-me entre quase uma centena de colegas. Tentava não ser percebido, mas era impossível. Principalmente porque o meu irmão Edson, era o que se poderia chamar de "espírito de porco"  deitava-se em gargalhadas ao ver minha situação.

Tanto riso  chamou a atenção da catequista que me tirou do ensaio. No domingo foi diferente. Todos muito arrumados, eu já de sapatos novos,  entoávamos cânticos que por certo estão registrados nas belas paredes e pilastras daquela Catedral. Tenho saudades!

Grande irmão, um forte abraço.

CARLOS ALBERTO PADILHA, JUL/2002

Leia também: COPAS DO MUNDO
Primeiro artigo da série, com as memórias das copas do mundo, até 2002

O VELHO REX
(...) todo cachorro quando está comendo ainda que seja velho e louco, não admite interferência. O cão me advertiu rosnando seriamente...

NOSSA PRIMEIRA COMUNHÃO
(...) compromisso é compromisso e o ensaio geral era muito importante. De modo que não havia jeito,  teria que ir assim mesmo. Até a Igreja foi tudo bem, afinal "moleques"  na rua andam de qualquer maneira. Mas na Igreja não!

O CASO DO BALANCINHO
(...) De súbito minha mãe me pediu silêncio e, num gesto como de espreita  dona Mathilde ergueu a cabeça concentrando-se para ouvir melhor algo que por certo lhe parecia estranho. E era!

O CAFEZINHO DO PAI
(...) Não havendo como conservar o café quente, o jeito era esquentar (requentar) cada vez que o quisesse. Assim, levava-se o bule com café ao fogo, esquentando-o com cuidado para que não fervesse

O CAFEZINHO DO PAI (2)
(...) Todos sabemos que não se deve usar os próprios dedos como termômetro (muito menos para saber se um café está quente ou não). Mas será que o nosso irmão Edson sabia?