O CAFEZINHO DO PAI (2)
(Carlos Alberto Padilha)

(Publicado em 09/08/2022)



Mais uma pras minhas Notas Autobiográficas

Escrito há 20 anos pelo meu irmão mais velho, Carlos Alberto, que teve um sensacional surto de escritor e, durante vários meses, escreveu crônicas com as suas memórias que me enviava por e-mail.

(Desta história eu lembro. O pai achou muito engraçada aquela situação toda e contou essa história pra muitos amigos nos dias seguintes, sempre entre muitas gargalhadas... Coisas do Seu Padilha.

Enfim... divirtam-se! (e deixem seus comentários, no final)





Imagem: EnioPadilha



Querido irmão, muita saúde e felicidade.
 
Já comentei sobre os costumes de nossa família em relação ao café.
 
Pois é!
         
De certa feita,  costumeiramente, nosso pai pediu que lhe servissem um cafezinho. O pedido foi atendido por nosso irmão Edson.
 
Atento ao fato de que o café não poderia ferver, ao esquentá-lo, levou-o ao fogo e ficou cuidando.
 
Mas, como é comum às crianças, embora tenham uma vida pela frente, têm sempre muita pressa em viver. Havia muito com que brincar e tudo teria  que ser feito correndo. Inclusive servir o café do Seu Padilha.
 
Mal estava o café ao fogo e,  pronto. Tratou logo em servi-lo.
 
Seu Padilha, que embora estivesse sentado à janela  observando o movimento da rua, bem percebia o que ocorria a sua volta em nossa cozinha.
 
O pai notou que o café lhe fora servido muito às pressas. Porém, antes de pegá-lo das mãos do filho, indagou:
 
"Esse café tá quente?"  A resposta veio em forma de um gesto.
 
Nosso irmão Edson, literalmente botou seu dedo indicador (a guisa de termômetro) dentro da xícara de café.

Indignado com o feito Seu Padilha protestou.
 
- Rapaz! Onde é que tu andou com esse dedo ?
- Não sei! 
- Como não sabe?! 
 
O curioso, é que a pergunta de meu pai, estabelecia uma condição indispensável para o aproveitamento daquela xícara de café. Penso, que caso nosso irmão soubesse por onde havia andado com o dedo, Seu Padilha, faria um análise e decidiria por tomá-lo ou não. Como não sabia...
 
"Ora, ora, esse minino!"  Expressão muito usada por nosso pai para desaprovar nossas "artes", disse: "Jogue esse café fora, e me faça outro." ordenou o velho, com um leve sorriso aos cantos da boca.
 
Posso garantir que um novo café lhe foi servido ao seu gosto.
 
São coisa do tio Edson! Ainda lembrarei de outras!
 
Um abraço tio Ênio, beijos para Dona Áurea, Ana Clara e Maria Helena





CARLOS ALBERTO PADILHA, 16/AGO/2002





Leia também: COPAS DO MUNDO
Primeiro artigo da série, com as memórias das copas do mundo, até 2002



O VELHO REX
(...) todo cachorro quando está comendo ainda que seja velho e louco, não admite interferência. O cão me advertiu rosnando seriamente...



NOSSA PRIMEIRA COMUNHÃO
(...) compromisso é compromisso e o ensaio geral era muito importante. De modo que não havia jeito,  teria que ir assim mesmo. Até a Igreja foi tudo bem, afinal "moleques"  na rua andam de qualquer maneira. Mas na Igreja não!



O CASO DO BALANCINHO
(...) De súbito minha mãe me pediu silêncio e, num gesto como de espreita  dona Mathilde ergueu a cabeça concentrando-se para ouvir melhor algo que por certo lhe parecia estranho. E era!



O CAFEZINHO DO PAI
(...) Não havendo como conservar o café quente, o jeito era esquentar (requentar) cada vez que o quisesse. Assim, levava-se o bule com café ao fogo, esquentando-o com cuidado para que não fervesse



O CAFEZINHO DO PAI (2)
(...) Todos sabemos que não se deve usar os próprios dedos como termômetro (muito menos para saber se um café está quente ou não). Mas será que o nosso irmão Edson sabia?


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