A FLORIANÓPOLIS DE 1969

(Publicado em 11/02/2023)



Mais uma pras minhas Notas Autobiográficas

Florianópolis, na minha vida foi AMOR À PRIMEIRA VISTA. E nós a conhecemos quando eu tinha 10 anos (meu irmão tinha 11). Ficávamos sempre na casa do Tio Nelson e da Tia Márcia. E não nos cansávamos de admirar as belezas do mar batendo à porta do Mercado Público, a Praia de Itaguaçu, a maravilha que era andar de ônibus (coisa que ainda não havia chegado ao nosso bairro, em Rio do Sul)

Enfim... divirtam-se com as impressões e reflexões do Carlinhos (e depois me contem, nos comentários, o que acharam)





Imagem: gratispng.com



Salve tio Ênio. Desejo-lhe paz, saúde e felicidades.

Mais uma de nossa infância.

Conhecemos Florianópolis em 1969. A capital, evidentemente, não era como está hoje.

Lembro, que na maioria das vezes que lá estivemos  em visita aos nossos parentes, ficávamos na casa da tia Eugênia Márcia. Que saudade!

Recordo bem do endereço. Rua Duarte Schultz n. 55 "fundos". De lá, íamos para o centro com facilidade. Bastou que nos levassem uma vez e depois fazíamos o trajeto sozinhos.

Tomávamos o ônibus coletivo que indicava ALMIRANTE LAMEGO, descíamos no centro e passeávamos pela Praça XV, descontraídos e felizes só por estar em Florianópolis.

Com os contadinhos cruzeiros que nossos pais nos deixavam, dava para um picolé, quem sabe um sorvete ou um pacote de pipocas. De resto era só o prazer de fazer parte por uns instantes daquele movimento em meio aos ilhéus natos.

Na hora marcada para voltar, tomávamos de novo o coletivo, o tal Almirante Lamego, e íamos para casa, isto é,  para casa da tia Eugênia Márcia.

A Florianópolis de 1969, era muito mais linda que a de hoje. Embora as inúmeras obras que de lá para cá foram feitas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do florianopolitano e também embelezar a cidade, uma coisa havia,  que infelizmente se perdeu com o crescimento e o melhoramento urbano. É o calor humano!

Ao se construir uma via rápida, às vezes de tão rápida, não se vê mais aquele amigo como se via antes em todas as manhãs ao sair de casa. O viaduto, quase sempre  muito reivindicado, não passa só por cima da ex-rua engarrafada, mas também, das possibilidades de se  encontrar a felicidade, que quem sabe, passou por baixo.

Mas em 1969, a Capital não tinha grandes obras, nem viadutos. O Atlântico batia às portas do Mercado Público, a Beira Mar Norte era só um sonho, e a ponte Hercílio Luz, sozinha,  servia de entrada e saída para a ilha.

O melhor de tudo, é que as pessoas se conheciam.

Recordo, que certa vez,  tomamos o ônibus no centro para voltar para casa.  E como sempre, gostávamos de sentar no último banco. De lá,  avistávamos todos os demais passageiros com os quais, (sem que soubessem, é claro) divertíamos em secretas brincadeiras.

Entretidos, brincando disso e daquilo, vendo um e outro sujeito estranho, não nos demos conta que havia chegado o nosso ponto perto de casa.

No entanto, o motorista do coletivo que já nos tinha visto por várias vezes, parou o carro, e quase tendo que se levantar para nos falar, disse.
"Ei meninos... Vocês não são sobrinhos do Nelson?"
"Somos!"  Respondemos como num coral.
"Então desçam, o ponto é este!" Disse ele.

Numa olhadela pra fora, confirmamos a informação e descemos apressados, agradecendo o motorista, que ficou balançando a cabeça, mas com aquele ar de bom amigo.

Bons tempos aqueles !!!

Penso, que em 2035, não seja possível alguém contar a mesma coisa aos seus filhos e sobrinhos. Talvez,  lhes conte algo assim como... "Em 2002, quando eu tinha 11 anos e  fomos morar em Florianópolis, levamos quase um ano para conhecer nossos vizinhos de apartamento."

Ou quem sabe escreva. "Naquele tempo, só havia duas pontes e a Hercílio Luz era só pra bonito."

Alguém talvez pergunte... "Como era a ponte Hercílio Luz ?"

E a resposta,  talvez esteja em um retrato no fundo de alguma gaveta, ou na foto de um velho livro, que o vovô insiste em guardar ou em um painel na parede de um restaurante.

Sei que tudo, evidentemente, se ajusta ao seu tempo. Porém, penso que tivemos melhor sorte!

Querido irmão, um beijo grande pra você,  para as minhas queridas sobrinhas, e para tia Áurea.  Como estou escrevendo também para a Gabi, vai um beijão para a minha filhota querida.





CARLOS ALBERTO PADILHA
13/SET/2002





Leia também: COPAS DO MUNDO
Primeiro artigo da série, com as memórias das copas do mundo, até 2002



O VELHO REX
(...) todo cachorro quando está comendo ainda que seja velho e louco, não admite interferência. O cão me advertiu rosnando seriamente...



NOSSA PRIMEIRA COMUNHÃO
(...) compromisso é compromisso e o ensaio geral era muito importante. De modo que não havia jeito,  teria que ir assim mesmo. Até a Igreja foi tudo bem, afinal "moleques"  na rua andam de qualquer maneira. Mas na Igreja não!



O CASO DO BALANCINHO
(...) De súbito minha mãe me pediu silêncio e, num gesto como de espreita  dona Mathilde ergueu a cabeça concentrando-se para ouvir melhor algo que por certo lhe parecia estranho. E era!



O CAFEZINHO DO PAI
(...) Não havendo como conservar o café quente, o jeito era esquentar (requentar) cada vez que o quisesse. Assim, levava-se o bule com café ao fogo, esquentando-o com cuidado para que não fervesse



O CAFEZINHO DO PAI (2)
(...) Todos sabemos que não se deve usar os próprios dedos como termômetro (muito menos para saber se um café está quente ou não). Mas será que o nosso irmão Edson sabia?



O DIDI PESCADOR - DOMINGO É DIA DE PIQUENIQUE
(...) Sem muita demora, vi quando o Didi alçou o anzol da água, e preso nele um peixe desdobrava-se fisgado ao engodo. E logo em seguida, mais uns três ou quatro. Quanto a mim, continuava sapateiro



A VELHA CASA DA VOLTA DO UBA
(...) Era mal assombrada e pronto. A casa estava abandonada havia vários anos. Contavam os mais antigos, que sua última moradora,  uma senhora de idade, falecera ali desprezada pelos filhos e parentes. E iam mais longe: falavam que a velha  antes de morrer...



O CAMINHÃO DAS BALAS BELA VISTA
(O tal caminhão das Balas Bela Vista era, sim, um desafio pra quase todos os meninos corajosos. Eu não tava nesse time. Eu sempre fui muito cuidadoso com essas coisas de arriscar danos físicos. Não era do tipo que mergulhava de cabeça nos riachos nem andava de bicicleta a toda velocidade. Preferia a calma e a segurança.
Mas o meu irmão... esse era doido de pedra. Não podia ver um perigo que já queria correr...Deu sorte de não apanhar nesse dia.)



O POÇO
(Um dia, nossa mãe já cansada de subir as barrancas do Itajaí Açu carregando latas d'água, resolveu fazer um poço.
Associando-se aos nossos vizinhos alemães, saíram em busca de contratar um poceiro.  
O poceiro mais famoso do lugar, era um senhor conhecido como Pedro Mudo. Pedro Mudo, obviamente porque não falava, era mudo mesmo.)



OS TRENS DA VÓ
(Nossa avó tinha uns trens. E a gente estava doidinhos pra conhecê-los)



A FLORIANÓPOLIS DE 1969
(Nesta crônica Carlos conta como foi conhecer Florianópolis, aos 11 anos (ele) e 10 anos (eu) - A cidade tinha, certamente outra alma.)


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